Características
da Fé Reformada
.
Reformar ou renovar equivale a dar a
forma que se tinha quando novo. Originalmente o terno Reformada caracterizava
aquelas igrejas do século XVI que se levantaram para dar à Igreja da Idade
Média a forma da Igreja primitiva, a forma original da Igreja. Em sentido
amplo, esse termo podia ser aplicado a todas as igrejas da Reforma. Em tempos
mais recentes, contudo, ele passou a ter um significado mais restrito,
identificando as igrejas que professam as doutrinas da Graça, conforme
apresentadas no sínodo de Dordtrech, na Holanda (1610-1618); o movimento ficou
também conhecido como Calvinismo (cf. Harvie M. Conn - Teologia Contemporanea
en el Mundo - pp. 149 ss).
Evidentemente, nunca foi propósito
dos Reformadores fundar uma nova denominação. Lutero sempre viu a si mesmo como
um fiel servo da Igreja. Daí o seu profundo desgosto pelo fato de os primeiros
protestantes, na Inglaterra e na França, assim como na Alemanha, terem sido
chamados luteranos. Isso pode ser visto em suas próprias palavras. Ele
escreveu:
A primeira coisa que peço é que as
pessoas não façam uso do meu nome e não se chamem “luteranas”, mas “cristãs”.
Quem é Lutero? O ensino não é meu. Nem fui crucificado por ninguém. ... Como
eu, miserável saco fétido de larvas que sou, cheguei ao ponto em que as pessoas
chamam os filhos de Cristo por meu perverso nome? (Timothy George - Teologia
dos Reformadores - p. 55).
Lutero registrou assim o seu
sentimento em 1522, sem falsa humildade, mas com um esforço real para impedir
um culto à personalidade. Lamentavelmente, seu desejo não foi atendido nos
termos em que ele colocou. A Igreja Luterana não cultua o seu maior teólogo,
mas o seu nome continua a identificar a denominação.
Já no trabalho de Calvino, reformando
a crença na autoridade de Cristo e na Palavra de Deus como única regra de fé e
prática, com forte ênfase no sistema de governo da Igreja; o movimento passou a
ser conhecido por essas características. Assim, raramente se ouve sobre
calvinismo, exceto nos círculos teológicos. Nossa Igreja não se chamaIgreja
Calvinista, como também não se chama Igreja Paulina; e os escritos de Paulo são
muito mais importantes que os de qualquer reformador. Na verdade, duas das
características do movimento deram nome aos seus adeptos: 1º- o termo
“reformada” - oriundo do propósito dos Reformadores de dar à Igreja da Idade
Média a forma da Igreja primitiva, a forma original da Igreja. Esse termo é
largamente usado em todo o mundo; 2º - o termo “presbiterianismo” - decorrente
da ênfase dada pelos Reformadores à forma de governo, indicando que a Igreja é
regida pelos presbíteros.
A Fé Reformada possui quatro
características básicas: (1) histórica; (2) doutrinária; (3) emocional; e (4)
prática.
1º. Histórica: A queda; a chamada de Abraão; a encarnação, a vida, a
morte e a ressurreição de Cristo. Como diz Paulo:
Ora, se é corrente pregar-se que
Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que
não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então
Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé; e somos
tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que
ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos
não ressuscitam. Porque se os mortos não ressuscitam, também Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda
mais: os que dormiram em Cristo, pereceram (I Co 15:12-18).
O argumento de Paulo é simples, ele
diz que se a ressurreição de Jesus não é um fato histórico toda a nossa fé é
inútil, indicando claramente que os fatos registrados na Bíblia, Antigo e Novo
Testamentos, são históricos e verdadeiros. Assim, acreditamos que
verdadeiramente Deus criou o mundo, como está registrado em Gênesis; e cremos
em todos os relatos bíblicos como sendo a inerrante Palavra de Deus.
Mas se nós só pregarmos história,
seremos meros repórteres que lêem um texto. Assim, por questão de justiça à Fé
Reformada, ao defini-la, precisamos incluir as outras três características.
2º. Doutrinária: Se a doutrina não é ensinada o povo perece por falta de
conhecimento e será levado por qualquer vento de ensino e por filosofias
humanas produzidas por mentes corruptas.
Da Palavra de Deus recebemos o
verdadeiro ensino quanto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo; e a Palavra de
Deus é o nosso livro texto para ensinar a verdade à Igreja.
Mas, à semelhança do que falamos
sobre o aspecto histórico, também não podemos restringir nossa pregação ao
caráter doutrinário, pois isso nos tornaria apenas címbalo que soa, meros
ensinadores de fórmulas.
3º. Emocional: A menos que o Espírito de Deus opere, produzindo uma
experiência viva em nós; a menos que sintamos o que Deus faz por nós; não
seremos diferentes em nada das demais religiões.
Mas, novamente, se pregarmos somente
emoção, então estaremos dando lugar à velha crítica marxista: “A religião é o
ópio do povo”. Cada característica tem o seu lugar próprio na composição do que
chamamos Fé Reformada.
4º. Prática: A Fé Reformada deu-nos: a) a Bíblia em nossa língua
materna; b) o direito de cultuar conforme a nossa consciência; c) a prática
apostólica da pregação do Evangelho; d) desenvolvimento da ciência.
Portanto, essas quatro
características devem estar sempre presente na pregação Reformada, e é a
integração delas que vai produzir o seu caráter mais importante e singular.
Alguém já disse que a Fé Reformada
tem sido chamada de “doutrina de ferro”, e que mesmo isso não sendo um elogio,
tem que ser admitido que ela tem produzido homens com caráter de aço: Calvino,
Kuyper, Cromwell, Knox, etc.
A Teologia de Calvino foi responsável
pelo despertamento religioso da Escócia. Foi a doutrina de Calvino, sobre o
estado como servidor de Deus, que estabeleceu a idéia de governo constitucional
e que conduziu ao reconhecimento dos direitos e liberdades dos súditos. Foi a
Fé Reformada que valorizou a mulher, que incrementou a educação e o preparo de
homens para melhor servir na comunidade. É duvidoso que algum teólogo tenha
desempenhado um papel tão significativo quanto o de Calvino na história
mundial.
I - A FORÇA DA FÉ REFORMADA
A Escritora batista Ruth A. Tucker,
não sei se deliberadamente, minimiza o trabalho missionário da Fé Reformada,
deixando bem claro o seu comprometimento confessional ao dizer:
Os calvinistas usavam geralmente a
mesma linha de raciocínio (comparação feita com os luteranos) acrescentando a
doutrina da eleição que faziam as missões parecerem inúteis se Deus já
escolhera aqueles a quem iria salvar (Ruth A. Tucker - Até aos Confins da terra
- p.70).
Sobre isso, há dois pontos a
considerar:
Primeiro: Que a doutrina bíblica da eleição, não só não desestimula
o evangelismo, como, pelo contrário, é um dos maiores incentivos à obra
missionária. Senão vejamos: Como é do conhecimento de todos os crentes, o homem
natural está morto em seus pecados e, nessa condição, de nada adiantaria
pregar-lhe a Palavra de Deus, mesmo porque os mortos não possuem vontade, não
podem ouvir. O que nos estimula a pregar, portanto, é o conhecimento de que o
Espírito de Deus vai atuar em alguns abrindo-lhes os ouvidos para que ouçam e
os olhos, para que vejam. Em quem atuará o Espírito de Deus? Em quem Deus
quiser! Deus atuará em Seus eleitos. E louvado seja Deus pela bendita doutrina
da Eleição, porque sem ela, de que nos adiantaria pregar o Evangelho para
homens mortos?
Segundo: Que os frutos dos que crêem na doutrina da Eleição
demonstram claramente o equívoco preconceituoso de Ruth Tucker: O que dizer da
influência da Fé Reformada em Genebra; da obra de John Knox, na Escócia; do
trabalho de Cromwell, na Inglaterra; de Kuyper, na Holanda; da colonização dos
Estados Unidos; dos missionários enviados por Calvino ao Brasil? E se isso não
fosse suficiente, uma rápida olhada na estatísticas comprovaria o equívoco
dessa escritora: A Aliança Mundial de Igrejas Reformadas, que se regem pelo
sistema de presbíteros, inclui cento e vinte denominações independentes cujos
membros atingem o número de quarenta e sete milhões (cf.Enciclopedia ilustrada de
historia de la Iglesia - Samuel Vila & Dario A. Santamaria).
Whitehead, um filósofo e matemático
ateu, disse que o cristianismo tem ensinado que Deus criou o mundo externo com
existência real; e que, em virtude de Ele ser um Deus racional, os seres humanos
podem decifrar a ordem do universo pelo uso da razão. Ele não era cristão, mas
compreendeu que nunca teríamos a ciência moderna sem a perspectiva bíblica do
cristianismo. E, mais uma vez, essa ênfase é decorrente da Fé Reformada.
A Igreja Presbiteriana Reformada tem
se estendido para todo o mundo. A obra Reformada no Brasil, iniciada sem
sucesso pelos Huguenotes em 1555; foi, em 1859, reiniciada pelos missionários
americanos e é, atualmente, uma dos ramos da Igreja de Cristo de mais progresso
no mundo.
Quando se deu a Reforma, em 1517, não
se sabia até que ponto ela ia crescer. É gratificante testemunhar como Deus
aceitou a atitude dos Reformadores. Desde então muito se tem falado sobre a Fé
Reformada, mas nem mesmo a metade de seu valor, praticidade e beleza foi ainda
contado.
Acredito que a causa que dá esse
extraordinário poder à Igreja Reformada para seguir implantando os princípios
bíblicos entre os povos é a sua singularidade: A Igreja Reformada reconhece sem
qualquer reserva que Deus é Deus, e reconhece isso em todas as esferas da vida.
Só a Igreja Reformada aceita a absoluta soberania de Deus, para a glória do
Senhor e o reino de Sua lei em todos os aspectos.
Sustentar que Deus é Deus eqüivale a
dizer que o homem é aquilo que a Palavra de Deus diz que ele é. A Igreja Romana
confessa a absoluta soberania de Deus, mas não admite que o homem seja aquilo
que Deus diz que ele é; e tanto na antropologia quanto na soteriologia ela é
semipelagiana. Os arminianos também se aproximam dessa mesma situação.
O que significa ver Deus como Deus e
o homem como Deus diz que ele é? Na verdade isso tem que ver com todos os
aspectos da vida. Deus é o Criador de todas as coisas. Ele fez tudo para
proclamar o Seu poder e a Sua glória. Nós adoramos a Deus como o Criador do
universo, e é nosso dever honrá-Lo em todo tempo, em todos os lugares, e em
tudo que fizermos. Todas as coisas pertencem a Deus. O homem pertence a Deus.
Nada, por menor que seja, pode ser tirado do Seu império e domínio.
Como isso influencia? Podemos
constatar que na sociedade moderna não há mais lugar para Deus na vida pública.
É requerida muita coragem, em nossos dias, para se confessar que Deus é Deus, e
que Ele é aquele que reina supremo sobre o mundo e seus habitantes. Assim, quem
professa a Fé Reformada tem o senhorio de Cristo na vida familiar, social,
estudantil, trabalhista, etc; e está comprometido com Deus. Isso é um fator
determinante no seu comportamento e no papel que desempenha na sociedade.
II - A SINGULARIDADE DA FÉ REFORMADA
Primeiro: Só a Fé Reformada pode, de
modo coerente, sustentar a soberania absoluta do Senhor. Talvez alguém possa
objetar que a Fé Reformada é dualista, porque mantém a tensão entre Deus e o
homem. Mas é exatamente essa tensão que explica que a Fé Reformada não é
dualista. As duas partes, Deus e o homem, não estão no mesmo nível. Deus é
Criador, e o homem é Sua criatura.
Assim, de modo coerente, posiciona-se
a Fé Reformada: Porque crê que Deus é verdadeiramente Deus, crê, também, que só
a Palavra de Deus é regra de fé e prática; por conseguinte, vê o homem como a
Bíblia diz que ele é: uma criatura de valor, feita à imagem e semelhança de
Deus, vice-gerente de Deus na terra, responsável pela administração das obras
das mãos de Deus, contudo caído e morto em pecado, incapaz até mesmo de desejar
o bem.
Segundo: Por isso, a Fé Reformada é
oposta a tudo que é contrário aos ensinamentos das Escrituras Sagradas. Ela
rejeita a hierarquia Católico-romana, rejeita o luteranismo, e condena o
arminianismo.
A Fé Reformada tem aspectos que lhe
são peculiares, únicos. A história nos ensina isso e a situação atual
justifica. A Fé Reformada tem deixado a sua marca nas grandes nações do mundo.
As terras da Alemanha e Escandinávia são luteranas. Há grandes igrejas
luteranas. Contudo essa é uma religião ligada a um povo. Mesmo no Brasil, as
igrejas luteranas estão praticamente restritas às regiões Sul e Sudeste, onde
estão grandes colônias alemãs. E ainda assim, não há qualquer influência
benéfica para o povo em geral. A Igreja Luterana é como se fosse uma embaixada
alemã, um território alemão.
A Igreja Católica Romana também não
tem influência na vida cotidiana de seus adeptos, não há disciplina e nem
acompanhamento. Além disso, ela não possui energia independente de seus sacerdotes.
Sacerdotes estes que possuem uma formação mas acentuada em Filosofia do que em
Teologia propriamente falando. Enfim, sem o Papa não haveria a Igreja Católica
Romana. Isso mostra que ela também está ligada de modo vital a um homem de uma
região geográfica, e pode ser vista como uma embaixada de Roma em cada país.
Já a Igreja Reformada é um sistema
religioso que contém todos os ingredientes necessários em si mesma. Seus
ensinos requerem uma postura ética correta perante a família e a sociedade; e
um comportamento digno do nome que a Palavra de Deus nos outorga. Em cada país
a Igreja possui sua própria identidade e independência. Isso é visto em todo o
mundo e pode ser constatado pela escolha que cada uma faz no uso dos símbolos
de fé: A Confissão de Westminster, os Cânones de Dorth, a Confissão Helvética,
o Catecismo de Heidelberg e outros. Contudo, quaisquer que sejam os símbolos
adotados, as igrejas reformadas se mantêm seguras no imutável princípio de que
a Palavra de Deus é a única regra de fé e prática.
III - O LUGAR DA PALAVRA DE DEUS NA
FÉ REFORMADA
Do ensino de que Deus é Deus, e de
que o homem é aquilo que Deus diz que ele é, depreende-se que devemos respeitar
e amar a Palavra de Deus como sendo o próprio Deus. E deve ser dito, em honra da
Fé Reformada, que ela é fiel à Palavra de Deus. No século XIX, com a influência
aristotélica, surgiu a crítica à Bíblia. Homens, escudados na tese filosófica
de que o homem julga todas as coisas, se colocaram acima da Bíblia para
criticá-la; e o sucesso deles foi aparentemente enorme. Também por isso é
necessário reafirmar o conceito de que é um erro dizer que um homem não pode
tornar-se teólogo sem Aristóteles. A verdade é que não pode tornar-se teólogo
sem se livrar de Aristóteles. Em resumo, comparando com o estudo da Teologia, o
todo de Aristóteles é como a escuridão para a luz. (cf. Teologia dos
Reformadores p. 59 - Timothy George).
Também neste aspecto, deve-se notar a
diferença na atitudes do luteranismo, romanismo e da Fé Reformada. Os luteranos
mostraram bem pouca resistência às novas idéias. O romanismo convive com toda
espécie de conceitos filosóficos, humanistas e liberais. Somente a Fé Reformada
posicionou-se a favor da inerrância, da inspiração verbal das Escrituras, e de
todas as conseqüências decorrentes desse ponto de vista. Uma teoria bem
conhecida sustenta que a Bíblia tem autoridade somente na esfera religiosa e
ética. Outros dizem que a Bíblia tem autoridade sobre o homem na medida que ele
aceita e crê nessa autoridade. Ainda outros dizem que ela é a Palavra de Deus
somente quando fala ao nosso coração. A Fé Reformada rejeita todas essas
teorias e confessa que a Bíblia é a Palavra de Deus e que é autoritativa em
todas as esferas da vida. Todas as coisas escritas na Bíblia são verdadeiras
porque são a Palavra de Deus.
Tudo isso tem suas conseqüências. A
Igreja Reformada dá grande ênfase ao estudo cuidadoso das Escrituras. O próprio
Calvino foi o maior exegeta do período da Reforma. A nossa fé não pode ter
outro fundamento que não seja o da Palavra de Deus. As experiências e as boas
intenções humanas não substituem a revelação especial de Deus. A Igreja Romana
possui salas e mais salas onde estão registrados os “milagres” operados pelos
seus santos, nem por isso somos Romanos! Os espíritas dizem fazer curas,
cirurgias miraculosas; e se caracterizam pela prática de “boas obras”; mas isso
também não nos leva a ser espíritas! O budismo possui as suas virtudes; mas
também não somos budistas! Poderíamos falar muito sobre os tantos conceitos humanos,
mas considerem: Se fôssemos seguir experiências e boas intenções, o que
seríamos? Romanos, espíritas, budistas, ou o quê? Todos têm boas intenções, mas
não seguem a Bíblia. Doutrina não se baseia, pois, em sentimento ou
experiência, e nem mesmo em boas intenções. Doutrina baseia-se única e
exclusivamente na imutável Palavra de Deus. Não cremos, hoje, em revelações
fora da Bíblia e, por isso, não somos pentecostais ou liberais; somos
Reformados.
CONCLUSÃO
Tudo isso nos leva à constatação de
que o Senhor reina, de que a Sua Palavra é a nossa lei. Queremos, portanto,
concluir nossas considerações com este grandioso ensino da Palavra de Deus: O
Senhor reina!
Todo ser pensante pode ver facilmente
que um poder soberano rege sua vida. Ninguém jamais foi questionado se desejava
nascer ou não; ou quando, ou onde, ou de quem haveria de nascer; se branco ou
preto; se no século vinte ou antes do dilúvio; se na América ou na China. Os
crentes de todas as épocas têm reconhecido que Deus é o Criador e o Rei do universo,
e portanto, nada pode acontecer fora de Sua vontade real. Deus efetivamente
governa o mundo que criou. E até as obras pecaminosas do homem ocorrem somente
porque Ele as permite. Se negarmos esta realidade estaremos negando o fato de
que Ele reina. Se a palavra de um rei terreno é lei em sua nação, quanto mais a
vontade de Deus, no mundo que Ele criou!
Contudo, isto não significa que Ele
tenha poder para fazer aquilo que é contrário a Sua natureza, ou para agir de
forma contraditória. É impossível que Deus minta ou faça algo moralmente
errado. Como Sua onipotência é a garantia segura de que o curso do mundo está
conforme o Seu plano, a Sua santidade é a garantia de que todas as Suas obras
serão feitas em retidão.
Tudo, sem exceção, está sob Seu
controle, e Sua vontade é a razão fundamental de tudo o que acontece. O céu e a
terra e tudo que neles há são os instrumentos através dos quais Ele leva a cabo
Seus propósitos. A natureza, as nações, e a fortuna de cada ser humano
representam, em todas as suas variações, a fiel expressão do propósito de Deus.
Os ventos são Seus mensageiros, as chamas de fogo Seus ministros. Cada
acontecimento natural é obra Sua; a prosperidade é um dom de Deus; e se a
desgraça chega à vida do homem, foi o Senhor quem a permitiu (Am 3:5, 6 Lm
3:33-38, Is 47:7; Ec 7:14; Is 54:16). Ele dirige os passos dos homens, queiram
estes ou não; Ele enaltece e Ele abate; Ele abranda o coração e Ele o endurece;
e Ele cria os próprios pensamentos e intenções da alma (Fl 2:13).
Embora o reinado de Deus seja
universal e absoluto, não é um poder cego. Pelo contrário, Seu reinado está
unido à Sua infinita sabedoria, santidade e amor. E esta doutrina, quando
compreendida, nos traz grande consolo e segurança. Quem não preferiria que
todos os aspectos de sua vida estivessem nas mãos de um Deus de infinito poder,
sabedoria e amor; e não que dependessem do acaso cego ou das próprias pessoas
pervertidas? Ninguém é mais habilitado que Deus para dirigir a minha vida, e,
por isso, glória seja dada ao Seu nome.
A própria expressão “servo de Deus”,
que caracteriza cada um de nós, traz implícita a idéia de que Ele Reina.
Portanto, louvado seja Deus que
aprouve fazer uso dos homens tornando-os Reformadores para lutar pela fé que
uma vez foi dada aos santos (Jd 1:3)
fonte www.somente-jesus.blogspot.com
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