quarta-feira, 1 de outubro de 2014

REFORMA PROTESTANTE NA ESCÓCIA

                              

               A REFORMA PROTESTANTE NA  ESCÓCIA

                                      JHON KANOX 

Na Escócia teve progresso muito lento,pois a igreja  é o estado eram governados pela mão Ferrea do cardeal Beaton e pela Maria rainha Guise,mãe da rainha da Escócia.O cardeal foi assassinado ,a rainha faleceu,e logo a seguir ,Jãos Kanox,em 1559,assumiu a direção do movimento reformador.Mediante suas idéis radicais e inflexiveis ,sua firme determinação e sua irresistivel disposição ,mesmo contra o engenho e atração de sua romanista soberana,a rainha Maria Maria dos escoceses ,Kanox pode desaparecer todos os os vestígios da antiga  religião ,e levar a reforma muito mais longe ,do que a da Inglaterra.A igreja presbiteriana ,segundo planejada por João Kanox,veio a ser da Escócia.(notas ibid,J.L.Hurlbut).
         NO seculo 16,a única igreja na EUROPA Ocidental  era a católica romana ,que se achava segurada lealdade de todos os reinos.Contudo ,antes de findar esse seculo todos os países do norte da Europa ,ao oste da Russia,se haviam separado de Roma,e haviam estabelecido suas própias igrejas nacionais.Embora nos países  do norte da Europa houvesse diferença de doutrinas e de organazação resultantes da Reforma ,contudo não é mais dificil encontrar a plataforma da comum de todas as igrejas protestantes.Os principios da reforma podem ser conciderados 5.-ibid,p.148,J.L.HURLBUT).
O protestantismo começou a ser difundido na Escócia por homens como Patrick Hamilton e George Wishart, ambos martirizados. Todavia, o presbiterianismo foi introduzido graças aos esforços do reformador John Knox (†1572), um discípulo de Calvino que, após passar alguns anos em Genebra, retornou ao seu país em 1559. No ano seguinte, o parlamento escocês criou a Igreja da Escócia (presbiteriana). Knox fez oposição tenaz à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), prima de Elizabete, que viveu na França (1548-1561) e voltou à Escócia para tomar posse do trono. A aceitação do protestantismo ocorreu no contexto da luta pela independência do domínio francês. Alguns anos mais tarde, Maria Stuart teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde foi executada por ordem de Elizabete em 1587.

Foi na Escócia que surgiu o conceito político-religioso de “presbiterianismo”. Os reis ingleses e escoceses sempre foram firmes defensores do episcopalismo, ou seja, de uma Igreja governada por bispos. A razão disso é que, sendo os bispos nomeados pelos reis, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses do mesmo. À luz das Escrituras, os presbiterianos insistiram em uma Igreja governada por oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros, tornando assim a Igreja livre da tutela do Estado. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.NOTAS PORTAL MAKEZIE

John Knox (Haddington, East Lothian, 1514 — Edimburgo, 24 de novembro de 1572) foi um religioso reformador escocês que liderou uma reforma religiosa na Escócia segundo a linha calvinista.
Seu lugar e data de nascimento continuam a ser debatidos, sendo Gifford Gate, nas proximidades da cidade de Haddington (20 quilômetros a leste de Edimburgo) o mais provável local.


Juventude


Seu pai William Knox, de boa família, sem ser especialmente distinta, tinha combatido na Batalha de Flodden e era natural do condado de Haddington. A mãe chamava-se Sinclair.
Recebeu influências de um espírito liberal, no que toca à educação, que animaram a igreja escocêsa mesmo antes da Reforma Religiosa Protestante. Apesar de alguns estudiosos fazerem referência a ele como semi-analfalbeto, Knox prosseguiu os seus estudos na Universidade de Glasgow, onde o nome "John Knox" figura entre os matriculados em 1522 ou em St. Andrews, onde se afirma que tenha sido aluno do celebrado John Major, nativo como Knox da região escocesa de East Lothian, e um dos maiores acadêmicos dos seu tempo. Major esteve em Glasgow em 1522 e em St. Andrews em 1531. Quanto tempo permaneceu na universidade é incerto. Nunca teve aspirações a ser um acadêmico celebrado como seus contemporâneos George Buchanan e Alesius
Não há sequer provas de que se tenha graduado. Parece ser um fato que dominava o latim e cultivava o estudo, o que está bem atestado com seu conhecimento dos textos de São Agostinho e de São Jerônimo. Aprendeu grego e hebreu num período posterior, como indicado na sua escrita. Foi ordenado padre antes de 1540, quando seu estatuto de padre foi mencionado pela primeira vez. Até 1543 Knox ainda se mantinha sob o comando de Roma. Até esta altura, no entanto, ele parece ter dado aulas privadas em vez de ter obrigações paroquiais. Na altura em que ele assinou oficialmente como padre, ele já teria estado empregue (um cargo que ocupou por vários anos) como tutor da família de Hugh Douglas em Longniddry, em East Lothian, educando também o filho de um nobre da vizinhança, John Cockburn, de Ormiston. Ambos os nobres tinham, tal como como Knox, já neste tempo uma inclinação positiva em relação às novas doutrinas da igreja. Um documento assinado a 27 de Março desse ano, guardado no castelo de Tyninghame, prova-o



                 Conversão ao Protestantismo


Knox professou pela primeira vez a fé protestante em finais de 1545. Antes disso já tinha mostrado sinais de simpatia por essas idéias, sem o ter declarado explicitamente. De acordo com Thomas Guillaume Calderwood, nativo de East Lothian, a Ordem de Blackfriars em 1543, foi a primeira a "dar ao Sr. Knox um cheirinho da verdade". A sua mudança de opinião original tem sido atribuída ao seu estudo de Agostinho e Jerônimo, na sua juventude, como referido.

Na verdade, dos primeiros 30 anos de sua vida pouco se sabe. Muito influenciado por George Wishart, começou a ser seu seguidor em 1546, ano em que Wishart foi queimado como herege. Este erudito foi provavelmente o instrumento imediato da sua conversão pois havia retornado, após um período de expulsão, em 1544, e morreu no cadafalso, vítima última e ilustre do cardeal Beaton. Entre outros lugares onde pregou as doutrinas reformadoras protestantistas, Wishart havia estado em East Lothian em Dezembro de 1545, e aí Knox deve tê-lo conhecido. Pode-se dizer que o entusiasmo quase juvenil de Knox pela doutrina o teria comovido. Knox seguiu-o incansavelmente como guarda-costas, e carregaria uma espada, disposto a usar para defender Wishart dos emissários do cardeal que atentassem contra sua vida. Na noite em que prederam Wishart, Knox foi impedido de partilhar com ele a captividade, e assim, muito provavelmente, o mesmo destino.A seguinte frase de Wishart a seus amigos é bem conhecida: "Não, regressem para as vossas crianças. Um é suficiente para o sacrifício" ou seja ("Nay, return to your bairns [pupils].
One is sufficient for a sacrifice.")


No Ministério de St. Andrews


O perseguidor de Wishart, o cardeal Beaton, foi assassinado naquele mesmo ano e Knox se uniu aos assassinos no castelo de Santo André, mas foi capturado por franceses e forçado a servir em suas naves de galés. Depois de solto, em 1549, viajou para a Inglaterra protestante. Knox foi chamado pela primeira vez ao ministério de St. Andrews, que durante toda a sua vida estaria ligado intimamente à sua carreira. Parece não ter havido qualquer ordenação regular. Obviamente, já tinha sido ordenado padre da Igreja de Roma.


No Continente Europeu (1554-1559)


Ofereceram-lhe o bispado de Rochester mas declinou, sabendo que o reinado de Eduardo VI seria curto, e haveria uma volta inevitável ao catolicismo com Maria, sua irmã e herdeira. Escapou portanto quando ela subiu ao trono como Maria I Tudor. Outros bispos não tiveram a mesma sorte. Depois de viajar para Dieppe e Frankfurt, mudou-se para Genebra. Ali começou sua admiração pela disciplina e pela teologia de João Calvino. Em 1554, em Genebra, aceitou, em acordo com João Calvino, uma posição na Igreja Inglesa de Frankfurt.


                              Na Escócia


Numa curta viagem à Escócia, em 1555-1556 ajudou a preparar o novo movimento que culminaria na rebelião contra a França e contra Roma. Assim que Elizabeth subiu ao trono inglês, pediu licença para voltar, o que não foi concedido, pois tinha perorado contra todas as mulheres no Governo em seu libelo (First Blast of the Trumpet against the Monstrous Regiment of Women)!
Em 1559 estava de volta, e depois de um sermão que resultou na pilhagem de casas religiosas, atribuiu as desordens à multidão de canalhas, não aos "irmãos". Durante esse ano, entusiasmado, apoiou os "Lords of the Congregation" em sua rebelião contra a Regente Maria de Guise. De agosto de 1559 até morrer, foi o ministro da Alta Igreja de Edimburgo ou Santo Egídio (St. Giles, High Kirk of Edinburgh) tendo importante papel em 1560 na introdução do protestantismo pelo Parlamento reformista. Os manifestos de 1560 têm maior contribuição de Knox do que qualquer outro indivíduo e a Confissão foi muito importante para a nova Igreja em suas declarações sobre a fé. O culto mudou para sempre pela Liturgia de Knox, ou Livro da Ordem Comum (the Book of Common Order) que ordenava serviços religiosos na língua local e colocar a Palavra como ponto central de tudo. Instruções para a comunidade protestante foram dadas no seu Livro de Disciplina (Book of Discipline) que incluía tópicos sobre educação geral, providências para ajudar os pobres, idosos e doentes e mais cooperação entre Igreja e Estado 


1561


Quando a Rainha Maria Stuart retornou à Escócia, teve numerosas entrevistas com ela (apenas registradas por ele) que foram tempestuosas. Knox concordou com o assassinato de Riccio mas quando os assassinos não conseguiram tomar o poder, deixou Edimburgo para Ayrshire e foi passar alguns meses na Inglaterra. Depois que a Rainha foi derrubada, voltou, popular com os regentes do jovem rei Jaime VI, mas os partidários de Maria o obrigaram a retornar a Santo André por algum tempo.Em sua "History of the Reformation" Knox fornece, historicamente, o sabor de tais tempos, e seus dados biográficos. Era menos sombrio do que é pintado e mais anglófilo, pois sua primeira esposa foi inglesa e seus dois filhos foram enviados à Inglaterra ser ali educados. Exagera sua importância nos acontecimentos da Reforma, pois outras narrações contemporâneas não lhe atribuem grande papel, mas sua História é mencionada entre as obras mais importantes sobre a história da Igreja na Escócia(.NOTAS  fonte  wikipédia) 
A Reforma efetuou mais transformação na Escócia do que em qualquer outro país. Primeiro, porque o país estava numa condição deplorável, e porque a Reforma na Escócia foi mais completa. Esse país era pobre, e com um clima ingrato e um solo pouco fértil. No Norte o povo era quase selvagem. É montanhoso, e os habitantes, chamados "highlanders", eram divididos em tribos chamadas clãs, e eram muito fiéis à tribo e ao seu chefe. Havia constantes brigas com outras tribos, e travavam batalhas até a morte com seus inimigos. 

No Sul, na fronteira com a Inglaterra, muitas famílias eram compostas de bandidos e ladrões, que roubavam as fazendas e até as aldeias e cidades do Norte da Inglaterra, fazendo sistematicamente "raids" em bandos, queimando tudo que não podiam carregar. Levavam o despojo, gado, cavalos e carneiros para seu país. Os exércitos ingleses entraram na Escócia e tomaram vingan­ça pelos roubos, mas os "raids" continuaram. Entre estas famílias escocesas havia também brigas ou vendetas de uma geração para outra. Entre as clãs do Norte, quando um membro de uma família encontrava-se com o membro de uma família inimiga, era dever de ambos brigarem até a morte.

Os nobres ou fidalgos escoceses eram ferozes e cruéis. A opressão e a injustiça campeavam por toda a parte. De vez em quando havia um rei que governava bem, mas muitos deles encontraram morte violenta. Sendo que os reis menores (os regentes) ou abusavam do seu poder, ou eram fracos demais. A igreja romana possuía a maior parte das propriedades e não pagava imposto algum, e os frades eram geralmente preguiçosos e cheios de vícios. O martírio de Patrício Hamilton e Jorge Wishart aumentou o ódio do povo aos padres e bispos, e muitos nobres receberam o Evangelho. João Knox foi preso depois da morte de Wishart e serviu nas galés da França como um forçado. Foi libertado por influência do rei Eduardo VI, da Inglaterra, que era protestante.

Depois Knox passou uns anos com Calvino, em Genebra, e aprendeu ali suas idéias sobre o governo da igreja. Voltou, finalmente, no ano de 1559, à Escócia, e achou que a Reforma fizera muito progresso, mas havia luta entre os protestantes e a Regente, que era viúva do último rei (e mãe da rainha Maria da Escócia), morava na França, por se ter casado com o rei daquele país. A rainha-mãe era da família De Guise (francesa), e uma católica fanática. Ela determinou acabar com a Reforma por todos os meios ao seu alcance. Convidou um exército francês para exterminar a Reforma, porque os protestantes estavam destruindo os ídolos nas igrejas, acompanhados por fidalgos armados com seus soldados. Os fidalgos enviaram uma carta à rainha Isabel da Inglaterra, pedindo um exército inglês para ajudá-los. 

A rainha atendeu e mandou navios de guerra e um exército. Depois de uma luta feroz, os ingleses e escoceses obrigaram os franceses a capitular e voltar à França. A rainha-mãe (a regente) morreu por esta ocasião, e os reformadores tomaram conta do reino. Foi convocada a primeira "Assembléia Geral" da Escócia. Nesta assembléia ficou resolvido formar-se a igreja nacional reformada da Escócia. Não reconheceram o soberano (como na Inglaterra) como "Cabeça da Igreja", mas a Igreja da Escócia tomou uma forma presbiteriana. Ficou resolvido acabar de vez com tudo que era da Inglaterra romana na nova forma da Igreja da Escócia, e as doutrinas eram aproximadas às de Calvino. Resolveram que toda paróquia devia possuir uma escola e um ministro, e a Bíblia estaria aberta a todos.

No princípio havia dificuldades, por falta de ministros instruídos, e muitas aldeias tinham de ficar contentes com um estudante. Superintendentes viajavam dum lugar para outro fiscalizando o progresso do serviço religioso. Durante a primeira geração houve queixas contra ministros ou seminaristas porque, às vezes, frades ou padres da igreja católica prestavam esse serviço.

 Na Assembléia ficou resolvido apropriar-se a nação de todas as propriedades e riquezas da Igreja Romana, formando um fundo eclesiástico para pagar o ordenado dos ministros superintendentes, seminaristas, professores de escolas, e despesas das escolas, e também para sustentar frades e freiras enxotados dos conventos que eram velhos demais para ganhar a vida. Infelizmente alguns dos fidalgos roubaram as propriedades eclesiásticas, e toda a riqueza não foi para o fundo da nova Igreja. Foi instituído na Escócia um sistema de educação gratuita, para crianças de ambos os sexos, (isto séculos antes de outros países protestantes adotarem essa medida) e a educação da Escócia, durante séculos, foi a mais adiantada do mundo.

A rainha Maria da Escócia voltou no ano de 1561. Era viúva porque o rei da França, seu marido, morrera. Maria fora enviada à França menina, e educada ali na corte mais corrupta da Europa. Ela queria que os escoceses voltassem à religião católica, mas era tarde demais. Na face da terra não existia um povo que mais odiasse a Igreja Romana do que os escoceses. A rainha era hábil, sutil, e sem escrúpulo. Casou de novo e seu único filho, Tiago, tornou-se depois rei da Inglaterra e da Escócia, unindo assim os dois reinos. Felizmente, a mãe não criou seu próprio filho, sendo ele entregue a um fidalgo chamado Mar, para ser educado como protestante.

Maria foi cúmplice no assassínio do seu segundo marido e logo depois casou-se com o homem que foi culpado deste crime. Os escoceses então pegaram em armas e avançaram contra a Rainha e seu novo marido. Ambos foram obrigados a fugir, mas em direções diferentes; o marido fugiu para a Dinamarca, e a rainha para a Inglaterra, entregando-se à sua prima Isabel. Durante os 19 anos de sua estada na Inglaterra, ela conspirou constantemente contra a rainha; e finalmente os ministros do Estado aconselharam a sua execução, e ela foi degolada. Seu filho Tiago fora declarado rei da Escócia quando sua mãe fugira. Quando Isabel morreu, Tiago foi declarado rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda. Quando Tiago chegou à Inglaterra, gostou muito do sistema episcopal porque ele mesmo era "cabeça", e assim podia apontar bispos obedientes. Queria introduzir o mesmo sistema na Escócia, mas era impossível. 

Seu filho Carlos I, homem muito mais teimoso e menos sábio, mandou que a liturgia anglicana fosse lida na Igreja de S. Giles em Edimburgo, capital da Escócia. Nessa ocasião, uma mulher lançou uma cadeira à cabeça do padre, e este foi obrigado a fugir da ira dos escoceses, e nunca mais voltou. O rei então invadiu a Escócia com um exército, mas encontrando um exército mais poderoso na fronteira, ficou numa posição muito crítica para discutir o assunto, e voltou desistindo do intento. Os ingleses ficaram muito satisfeitos também porque odiavam o arcebispo Laud, que aconselhou ao rei tal coisa. Finalmente este prelado foi executado.

Querendo Carlos I atentar contra a liberdade do povo inglês, rebentou a guerra civil, que terminou com a execução do rei. Infelizmente, os escoceses convidaram seu filho, que professou ser presbiteriano, para governar a Escócia. Um convite de que mais tarde o povo teve muita razão para se arrepender. O Protetor da Inglaterra, Oliver Cromwell, invadiu a Escócia e venceu seus exércitos obrigando o príncipe Carlos a fugir. Oliver Cromwell mandou seus generais para governar a Escócia, e foram dez anos de governo justo, de paz e liberdade. Eis o testemunho dum historiador desse tempo (1650-1660): "Eu creio verdadeiramente que houve mais almas convertidas a Cristo durante este período, do que durante qualquer outro tempo desde a Reforma, mesmo sendo um período três vezes maior. Toda paróquia tinha um ministro, toda aldeia uma escola, e quase toda família possuía uma Bíblia, e na maior parte do país, todas as crianças de idade escolar sabiam ler". Este testemunho foi escrito um século depois da Reforma. Não havia no mundo país mais adiantado no século XVII nem no século XVIII.

Mas a liberdade religiosa teve pouca duração. No ano de 1660 o príncipe Carlos voltou, e foi declarado rei com o nome de Carlos II (de "duas faces" dizem os escoceses). Carlos mostrou sua ingratidão aos escoceses que tinham vertido seu sangue para mantê-lo no trono. Fez leis severas contra os presbiterianos. Quase todos os pastores foram enxotados e homens ignorantes e, às vezes, sem caráter, preencheram seus lugares. A lei exigia que todos os membros assistissem nos domingos aos serviços na igreja, e os novos padres mandavam a lista dos ausentes para as autoridades. 

A pena de ausência era prisão ou multa. Os escoceses então reuniram-se secretamente nas montanhas e bosques e ali os velhos pastores pregavam, e celebravam também a Santa Ceia. Tais reuniões, chamadas "Conventículos", eram contra a lei, e soldados foram enviados para dispersar o povo que os assistia. Esses soldados prendiam e por vezes matavam aqueles que apanhavam. Ás cadeias ficaram cheias, e os pregadores, quando apanhados, eram enforcados ou degolados.

Durante um destes conventículos os soldados atacaram a multidão, e uns homens armados defenderam-se. Este, sucesso da parte dos "Covernanters" (como se chamava os escoceses presbiterianos) não deu bom resultado, porque os atacantes depois foram vencidos, e centenas foram fuzilados ou enforcados. O governador mais cruel desses tempos foi o Duque de York, irmão do rei, e depois Tiago II. Era católico, e gostava de inventar e presenciar torturas bárbaras. Quando foi feito rei, a opressão piorou, mas felizmente durou somente quatro anos, pois Tiago foi obrigado a fugir para a França, e o rei Guilherme de Orange (holandês) subiu ao trono, e sempre depois disso a Escócia tem gozado plena liberdade religiosa. Muitos dos que haviam fugido para a Holanda voltaram à pátria.

Durante o século XVIII a vida social e religiosa não desceu tanto na Escócia como na Inglaterra. João Howard, o célebre filantropista e reformador das prisões, escrevendo no ano 1779, disse: "Há poucos presos na Escócia. Em parte é devido aos costumes alcançados pelo cuidado que os pais e ministros têm em instruir a nova geração. No Sul da Escócia é raro encontrar-se uma pessoa que não saiba ler e escrever. Era considerado um escândalo se uma pessoa não possuísse a Bíblia, que era sempre lida nas escolas paroquiais".

A pregação de Whitefield foi muito abençoada neste século. João Wesley também visitou a Escócia diversas vezes e ficou admirado com a atenção do povo à sua pregação, e o decoro observado durante as reuniões. Wesley não teve, porém, o bom êxito de Whitefield. Talvez fosse isso devido ao fato de que este pregador era mais chegado à doutrina calvinista do que aquele, porque os Wesleianos eram mais discípulos de Armínio do que de Calvino. Foi esta diferença que causou a separação entre os grandes pregadores.

Durante o século XVIII o espírito de um evangelismo agressivo quase desaparecera na Escócia. Ao fim desse século dois irmãos, Roberto e Tiago Haldane, foram convertidos e dedicaram suas vidas ao Evangelho, viajando e pregando. Os ministros presbiterianos se opuseram a este movimento, e um ato foi decretado na Assembléia em 1799, proibindo o uso dos púlpitos presbiterianos a leigos ou a ministros de outras igrejas. 

Os irmãos Haldane eram proprietários com bastantes recursos e continuavam seu trabalho fundando escolas dominicais. O célebre Dr. Tomás Chalmers era um pregador eloqüente e poderoso, e animou os evangélicos no país, e era líder da seção evangélica na igreja escocesa. Depois o Dr. Chalmers chefiou o movimento separatista que formou a Igreja Livre da Escócia. A revivificação de evangelismo na Escócia no princípio do século XIX foi motivo da formação de diversas sociedades missionárias.

Em 1843 a Igreja Presbiteriana foi dividida: muitos separaram-se da Igreja estabelecida formando a "Free Kirk" (Igreja Livre) em protesto contra a intervenção do poder secular no governo e conduta da Igreja. Os chefes do movimento separatista eram evangélicos, mas seus colégios em pouco tempo escolheram professores com idéias críticas das Escrituras. Um grupo dos ortodoxos dividiram-se da "Free Kirk", formando um corpo separado.

Havia lugares remotos das cidades grandes, no Norte da Escócia, onde o povo continuava meio-selvagem. A revivificação de 1859 alcançou estes lugares. Os pescadores no Norte e no Nordeste até as ilhas de Shetland eram homens embrutecidos. As aldeias à beira-mar estavam cheias de tabernas onde era vendido o "Whisky" (aguardente) e era onde os pescadores faziam seus negócios. As casas eram choupanas pobres e sujas, o povo gastava o seu dinheiro nas tabernas e os pescadores levavam aguardente nos barcos de pescar. A transformação feita no povo nesse ano parece até incrível. As causas e os costumes mudaram depressa. O efeito perdurou por muito tempo. Hoje os turistas vão de propósito visitar as aldeias-modelos dos pescadores. Uma aldeia, por exemplo, que antes da revivificação possuía onze tabernas no meio da pobreza, agora não possui nem tabernas, nem cinema, nem cadeia, e as casas são modelos de asseio. O vício é desconhecido ali, e não há necessidade de polícia.

A Escócia tem produzido muitos dos melhores missionários pioneiros, como Robert Moffat, David Livingstone, Dr. Kalley, João Paton, James Chalmers e F. S. Arnot. A indústria, o comércio e a agricultura têm trazido prosperidade à Escócia, mas não espiritualidade. Dois grandes inimigos têm feito bastante estrago: o "Whisky" em casa, e o modernismo na igreja. O domingo na Escócia era guardado como o dia do Senhor. Hoje em dia todos os bons costumes então existentes estão mudando para pior, e o domingo é mais e mais profanado. O número dos que assistem aos serviços religiosos está diminuindo rapidamente, e o estado espiritual do povo torna-se laodiceano.(notas historia do cristianismo,A.Knight e W.Anglin,cpad,2009)

             Os presbiterianos da Escócia .

 - O primeiro conhecimento da Reforma começou na Europa continental foi levado para a Escócia por vários estudantes escoceses de Wittenberg. Eles tentaram fazer circular os escritos de Lutero, mas encontraram o terreno não é favorável a uma reforma, porque o rei James V tinha intimamente aliou-se com o clero com o objetivo de reduzir o poder da nobreza. Foram adotadas medidas rigorosas contra os favorers da Reforma. A primeira vítima foi Patrick Hamilton (01 de marco de 1528), um jovem de sangue real, que, enquanto estudava na Alemanha, tinha absorvido um amor da Reforma. Mais dois reformadores foram queimados em 1534; em 1539, cinco em Edimburgo e dois em Glasgow. No entanto, os adeptos tlie da Reforma vindo a aumentar em número, especialmente entre os nobres. Quando James V morreu, o líder do partido reformatório, James Hamilton, conde de Arran, conseguiram apreender a regência. Quando este viu a sua influência política ameaçada pelo Reformed conde de Lennox, foi adquirida ao longo pela rainha viúva e por David Beautoun (Beton), cardeal-arcebispo de St. Andrew, ao lado católico, ea perseguição começou de novo. A festa católica derivada algumas vantagens da guerra nacional contra Henry VIII da Inglaterra, como o último foi encarado como um patrono dos movimentos reformatórios; mas a queima de George Wishart, um dos líderes teológicas da Reforma, reuniu o partido reformatório de novo. Sob a orientação de John Knox eles começaram a avançar com mais firmeza, e para desenvolver seus assuntos eclesiásticos mais definitivamente. Como ambos Knox e Wishart tinha sido educado em Genebra, e estavam firmemente viciados na Confissão Reformada, o tipo de reforma da Reforma agora obtido na Escócia uma ascendência decisiva e duradoura sobre a luterana. 

A festa reformada aliou-se com o governo Inglês, os católicos com a da França. Este último mandou a jovem filha de James V, Mary Stuart, para a França para a educação, onde posteriormente foi casada com o rei Francisco II de França, e absorveu um anexo com entusiasmo a Igreja de Roma. Em 1554 os duques fanáticos de Guise, os irmãos da rainha viúva, tornou-se regente da Escócia. A influência francesa foi fortemente utilizado para a repressão do partido reformatório, que, por outro lado, foi beneficiado pela ascensão ao trono Inglês de Mary, filha de Henrique VIII. A proteção foi concedida às protestantes ingleses que haviam fugido por causa de sua religião, ea liberdade de culto foi novamente assegurado pelos amigos nativos da Reforma. John Knox, que em 1546 teve que fugir da Escócia, retornou em 1555 para fortalecer a fé reformada e instar sobre a nobreza eo povo para uma competição incessante contra as idolatrias de Roma. Insatisfeito, porém, com o apoio débil que achou, Knox retornou em 1556 para Genebra, em que cidade ele recebeu dos bispos escoceses a sentença para a fogueira que tinha sido proferida contra ele. As letras emocionantes que Knox escreveu para a Escócia a partir de Genebra levou (1557) para a formação de uma liga defensiva da nobreza protestante - ". Congregação de Cristo" o A adesão de Elizabeth ao trono Inglês foi seguido, na Escócia, com a adoção de novas medidas contra a Reforma, que as tropas francesas estavam a levar a efeito. Isso levou a um surto furioso do partido reformada. John Knox, mais uma vez voltou, o Pacto de 31 de Maio foi assinado, concluiu uma nova aliança com a Inglaterra, ea rainha viúva deposto como regente. A devastação iconoclasta de igrejas católicas e conventos começou a Perth e rapidamente se espalhou sobre o reino. 

A guerra civil que se seguiu foi concluída pelo tratado de Edimburgo (1560), que reconheceu os direitos da Refo) rmou. O Parlamento escocês, whiich conheci logo depois, imediatamente abolida a jurisdição papal sobre a Escócia, proibiu a massa, e aprovou uma confissão inteiramente calvinista (Confessio Scottica). No ano seguinte (1561) o governo Igreja Presbiteriana foi colocado em ordem no Livro de Disciplina. Estes actos do Parlamento foram, no entanto, não sancionada pelo governo até 1567, após a derrubada de Mary Stuart, que, não obstante seu zelo fanático em nome de Roma, tinha sido incapaz desde o seu regresso de França (1561) para prender o completo vitória do partido reformada. Enquanto a teologia da Confissão Escocesa era estritamente calvinista, os benefices episcopais foram autorizados a continuar, como os regentes durante a menoridade de James VI, e ainda mais o próprio James, tinha um forte interesse pessoal em sua preservação. Melville, o sucessor de Knox, induzida a Assembléia de 1578 a adopção de uma constituição estritamente Igreja Presbiteriana, que não admite escritório da Igreja, exceto a quatro reconhecido por Calvin - de pastor, médico, pessoa idosa, e diácono. A sanção desta constituição Igreja (Segundo Livro de Disciplina) pelo Parlamento e pelo rei jovem não foi obtida até 1592 James foi, no entanto, pessoalmente, avesso a presbiterianismo e um forte adepto de uma forma episcopal de governo. Ele não deixou significa inexperiente, especialmente depois que ele se uniu a coroa da Inglaterra com a da Escócia, para forçar uma forma episcopal de governo sobre a Igreja da Escócia. Charles I foi ainda mais longe do que seu pai, e deu à Scotch uma liturgia que os presbiterianos denouneced como um serviço para Baal. A união de escoceses presbiterianos com os puritanos e independentes da Inglaterra levou à derrubada de Charles I. 

Em 1643 foi adoptada uma nova liga e aliança, e em 1645 a Escócia recebeu os padrões de Westminster. Após a execução de Charles I, o Scotch, de oposição ao Cromwell, proclamado Charles II, que havia assinado o pacto, como rei. Isto conduziu, no entanto, a divisão de uma grave e duradoura entre Scotch presbiterianos. Outras divisões, a partir de diversas causas, seguida, no decurso do tempo, e mesmo no momento presente (1879) Scotch presbiterianismo é dividida num grande número de divisões. O personagem Presbvterian das pessoas tem, no entanto, manteve-se inalterada. Cromwell, que várias vezes derrotado o Scotch, não permitiu a montagem de conhecer, mas de nenhuma outra forma interferiu com a liberdade da Igreja Scotch. Charles II recaída na tendência Stuart introduzir Episcopalianism; mas sobre a expulsão dos Stuarts em 1689, a constituição da Igreja de 1592, ea Confissão de Westminster foram definitivamente restaurada. Para os adeptos de uma Igreja episcopal um ato de 1712 garantiu a liberdade de culto, e em 1792 eles receberam o pleno gozo dos direitos civis. 



John Knox (1513/14 – 1572)

Originalmente a concepção de governo eivada do pensamento da Reforma não admitia a idéia de resistência armada contra o governo. Contudo, os próprios ditames da política foram impondo a necessidade de um posicionamento teológico das diferentes tradições em face da questão da legitimidade da resistência ao poder governamental e até que ponto essa resistência é legitima. Na Exortação à Paz (1525), dirigida aos camponeses da Suábia, Lutero lembra que a tirania dos príncipes os colocavam contra a Escritura e a História e lembra que os grandes tiranos invariadamente terminam seus dias afogados no próprio sangue. [5] Contudo, os camponeses também não estão em melhor situação. Jamais uma rebelião terminou bem. Deus sempre cumpriu rigorosamente esta palavra: “todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão. (Mt 26.52) [6]. 

Interessante é observar o comentário de Lutero acerca do quarto dos Doze Artigos dos Camponeses da Suábia, publicado no mesmo ano como um manifesto da revolução camponesa, onde não somente condena a revolta camponesa como também a tentativa que estes pretendiam levar à termo pelo fim dos estamentos sociais. [7] e como já previndo o tipo de crítica que receberia, afiança: quando o presente escrito chegar às mãos de vocês não gritem logo: Lutero está adulando os senhores falando contra o Evangelho! “Leiam primeiro e ponderem minha argumentação a partir da Escritura, pois isto diz respeito a vocês. [8]. Portanto, não é a Reforma de Lutero que nos proporcionará algo parecido com o que hoje entendemos como uma ciência política, e tampouco, a concepção democrática de governo que são legados do iluminismo do século XVIII.
Essa situação irá passar por uma radical mudança quando fica evidente que a defesa da Reforma não poderá mais ser feita apenas em termos apologéticos quando nas fronteiras do Império o imperador reúne exércitos para, com a bênção papal, realizar pelas armas a reunião da Igreja que o sectarismo e argumentos pífios não conseguiram em outros tempos. A guerra da Liga de Schmalkalden impôs aos luteranos a necessidade de se formular uma teoria do governo civil e do direito de resistência ao imperador o que no entanto só veio a acontecer por meio da Confissão de Magdenburgo (1551) escrita e publicada pelo colégio de pastores da cidade que se declararam em rebelião contra o interdito de Carlos V que depois da vitória sobre os partidários da liga em Mühlberg (1547), decidiu restabelecer o catolicismo nos territórios que haviam aderido à Reforma. 
A declaração de Magdenburgo é a primeira manifestação consciente e sistemática do clero evangélico (ainda que uma parte dele) em favor de uma teoria do contrato ou constitucional e decorre de uma conjuntura na qual a Reforma estava em franca ameaça por toda parte. Na Inglaterra, a ascensão da rainha católica Maria I Tudor resultou no exílio de milhares de protestantes e na execução de pelo menos trezentas pessoas entre as quais ministros eminentes como Ridley e Cranmer. 
Na Escócia, o poder militar francês impôs Maria de Guise como regente e a deportação de um grande número de protestantes (entre eles John Knox) para as galés, enquanto na França a perseguição contra os protestantes por três reinados seguidos (Francisco I, Henrique II e Francisco II) e fortalecida pelo édito de Compiègne (1559) que punia com a morte toda e qualquer forma de heresia, levou a um crescendo de violência selvagem e fanática da parte dos elementos ligados à maioria católica, que tornou-se impossível evitar não uma, mas oito guerras civis motivadas pela questão religiosa (1562 – 1598). Todas essas perseguições determinaram nos anos seguintes uma produção frenética de obras jurídicas e políticas no âmbito das tradições luteranas e calvinistas no sentido de se buscarem justificativas éticas, morais, teológicas e jurídicas em favor da resistência armada. Buccer (A Explicação dos Quatro Evangelhos, Comentários sobre o Livro dos Juizes, 1553), Pedro Mártir (Comentários sobre a epístola de São Paulo aos Romanos, 1558; Um Comentário sobre o Livro dos Juizes, 1561), e o próprio Calvino (Homílias sobre o primeiro livro de Samuel, escritas entre 1562/63 e publicadas em 1604) [9] desenvolverão uma teoria a respeito do direito da resistência do “magistrado inferior” contra a tirania dos “magistrados superiores”, desde que ela venha declaradamente exacerbar a sua autoridade e violentar as leis de Deus que os colocara em seus respectivos estamentos.
Essas teorias da resistência do poder civil ao arbítrio irão desembocar ainda no século XVI, nos escritos de um dos mais brilhantes publicistas da Reforma, Teodoro de Beza, e serão a base para outro apologista da causa reformada, John Knox, de realizar sua bem sucedida rebelião que terminou com a incorporação da Escócia ao calvinismo.
Dados gerais: nascido em Haddington, East Lothian, pertencente à baixa nobreza escocesa, Knox possivelmente estudou na Universidade de Glasgow e talvez também em St Andrews embora nada disso se possa afirmar com certeza, como, aliás, quase tudo sobre sua vida até os trinta anos. O que é certo é que conhecia o latim bem como as obras dos pais especialmente Agostinho e Jerônimo. Ordenado padre (1540, ou antes), trabalha, porém como preceptor dos filhos de um aristocrata, John Cockburn vindo talvez nessa época as suas primeiras leituras de escritos luteranos e reformados e para o qual deve ter contribuído o testemunho pessoal do mártir escocês sir George Wishart, outrora bispo de Sta Andrews e queimado como herege por defender doutrinas reformadas, em 1546. Acusado de envolvimento no assassinato do cardeal Beaton, ligado aos interesses políticos da França e que substituiu Wishart em St Andrews, foi condenado às galés naquele país vindo certamente daí o seu ódio visceral por tudo que fosse francês embora, como muitos contemporâneos, falasse francês fluentemente, em virtude das ligações dinásticas (casamento de Maria I Stuart com o delfim francês Henrique II) entre as casas nobiliárquicas dois países. 
Liberto em 1549 vai para a Inglaterra antes de ser convidado para exercer um cargo em St Andrews permanecendo ali e recusando uma nomeação eclesiástica para Rochester em virtude da precariedade do estado de saúde do jovem rei Eduardo VI e a possibilidade, logo confirmada, da volta de uma católica ao trono inglês (Maria I Tudor). É possível que tenha sido nessa época que tenha se casado pela primeira vez com Marjorie Bowes, apesar da oposição da família. Em 1553, com a confirmação dos seus temores em relação à Inglaterra, Knox retorna ao continente, período no qual é condenado à morte na Escócia (1556) e se exila em Genebra onde conhece Calvino se extasiando (é sua a expressão a mais perfeita escola de Cristo referindo-se a Academia de Genebra). Diante da ameaça de as três principais nações do continente se virem dominadas por governantes ligados à Igreja Romana (a trindade das Marias: Maria I Tudor na Inglaterra, Maria I Stuart na França e Maria de Guise na Escócia) passa a encampar a oposição nacionalista escocesa e embora lhe tivesse sido negado o direito de voltar ao país por conta de sua opinião contrária às mulheres no governo, e embora condenasse as turbulentas agitações populares que se seguiram à rebelião escocesa (1559) foi indiretamente beneficiado por elas quando o parlamento escocês, sob influência dos reformadores, decidiu estabelecer de fato a Reforma na Escócia (1560). 
Após o retorno de Maria Stuart à Escócia (1561) e tensas entrevistas, Knox concordou com um apoio tácito à nova rainha, desde que preservando a autonomia da kirk escocesa e respeitando as decisões do parlamento, contudo, logo esse apoio evoluiu para uma hostilidade explícita, particularmente em decorrência da conduta privada da rainha, suscitando da parte do reformador uma hostilidade radical, atacando do púlpito a vida privada de Maria Stuart até seus últimos dias. Por outro lado, é provável que Knox tenha aquiescido com o assassinato do favorito da rainha, Davi Riccio, seu secretario particular e eminência parda do novo governo. Em 1567 o escândalo causado pelo assassinato de seu marido lorde Darnley, preparado e levado a efeito por James Bothwell, amante da rainha a forçaram a deixar o país e se refugiar na Inglaterra onde foi mantida prisioneira de Elizabeth I até 1587 quando foi condenada a morte e decapitada por participar de um complô para assassinar a rainha. Com a saída de Maria Stuart da Escócia, o trono ficou sob a regência de Mathew Stewart, quarto conde de Lennox, também assassinado (1570). Forçado a deixar St Andrews em decorrência da agitação política e extremamente debilitado, mesmo assim Knox continuou a pregar e vilipendiar Maria Stuart até cair enfermo em novembro de 1572, morrendo ao lado de sua segunda esposa Margareth Stewart, com quem se casou em 1564 quando contava cinqüenta anos e ela dezesseis. Posteriormente, Margareth Stewart contraiu núpcias com Andrew Ker, um dos envolvidos no assassinato de Davi Rizzo.
Examinando a primeira vista a biografia de John Knox não deixa de ser interessante o envolvimento tão proeminente de um reformador da Igreja com os assuntos da política. Entretanto, algumas coisas precisam ficar esclarecidas para se evitar que se tenha o projeto político de Knox como superior ao seu projeto de reforma da Igreja quando na verdade ambas as coisas se ligam intrinsecamente. O reformador, como escreve Lord Percy, biógrafo de John Knox, é um servo de Deus e não um serventuário do Estado. Logo, a sua atuação pública se refletirá em sua atividade eclesial. 
O interesse público estará sempre abaixo do interesse de Deus [10] . Isso, todavia, legitimaria o assassinato como instrumento de ação política? Todavia, precisamos considerar tanto o momento como as condições históricas desse momento para que nossa investigação não se torne um juizo de valores e decresça a importância histórica do reformador escocês tanto na história do seu país como na própria História da Reforma. Mesmo admitindo o envolvimento de Knox nas mortes do cardeal Beaton e Davi Rizzo, esse envolvimento é decorrente do próprio modo como as relações políticas eram estabelecidas e tratadas numa época em que a ação política também se expressava por meio da eliminação física do adversário, podendo se encontrar exemplos tanto no catolicismo quanto no protestantismo, tanto entre reis como entre papas. Assim, Knox como um homem do seu tempo está agindo em conformidade com os padrões do seu tempo, ainda mais considerando as difíceis condições históricas da Reforma Escocesa, lutando ao mesmo tempo contra a submissão à França, bem como à Inglaterra. Além disso, e aqui repetindo o pensamento de Percy, Knox é antes de tudo um ministro e sua ação pública se dá a partir do púlpito. Seu Apelo contra a sentença proferida pelos bispos e clero (1558), referente à sua condenação à morte, dois anos antes é a aplicação prática de sua teoria de resistência política que toma por base a jurisprudência da reforma de sua época, já que se refere aos magistrados e aristocratas escoceses como constituídos por Deus não para estarem acima do povo, mas para zelarem e o protegerem [11]. Deus quer e exige a propagação da verdadeira fé e para isso se vale da ação dos magistrados inferiores que zelam pela sua proteção e concordância devendo ser o seu dever antes de tudo lutar pela verdadeira fé e contra a idolatria. Só é possível permanecer na obediência aos governantes na medida em que eles protegem a fé e zelam pela glória de Deus. [12]

Embora como pregador fosse particularmente limitado sendo a sua retórica tomada pelo literalismo mais explícito e quase inteiramente desprovida de originalidade, Knox, todavia, não deixava de falar pelo povo quando pregava contra a corrupção e o abuso das autoridades. Como Bugenhagen e Buccer, procurou criar uma legislação que atendesse as necessidades sociais das populações pobres e a exemplo de Calvino, por meio de seu Livro de Disciplina, nivelar pelo alto a vida social escocesa por meio de uma reforma moral [13]. Mas talvez a sua maior obra seja mesmo a Confissão Escocesa (1560) na qual ele conseguiu a suprema proeza de introduzir uma Reforma completa não só da Igreja como da sociedade escocesa e ainda estabelecer um sistema de governo eclesiástico – o presbiteriano – na qual a Kirk escocesa se acha baseada até hoje.
 A exemplo da Confissão de Augsburgo (1530), a Confissão Escocesa de 1560 é sob todos os aspectos uma confissão magisterial, isto é, uma confissão de fé feita do alto, por meio das instâncias governamentais e eclesiásticas, e estabelecida sobre a igreja territorial, na mais bem sucedida aplicação da teoria constitucionalista da representatividade, inspirada na teologia calvinista. Contudo, é inegável que as próprias condições da Escócia no momento em que se dá a instauração da Reforma naquele território, influenciaram decisivamente não só essa transição como também o fato de ela ter se dado com pouca ou quase nenhuma resistência, situação bem diferente daquela vivenciada pelos protestantes dos territórios alemães e, mais dramaticamente, pelos hunguenotes franceses. Uma das razões que possibilitaram esse sucesso é precisamente a insularidade da Escócia. Separada do continente e ainda mais afastada deste pela Inglaterra, o desenvolvimento econômico escocês foi consideravelmente afetado por essa distância, de modo que a Escócia sempre fora economicamente mais pobre e socialmente mais atrasada que sua vizinha inglesa, ao ponto de ainda existirem no século XVI comunas rurais organizadas ainda segundo o sistema de clãs similares aos dos vikings e dos povos bárbaros que arrasaram o Império Romano no século V. Como decorrência desse atraso, a Escócia, por ocasião da Reforma, só contava com duas cidades proeminentes, Edimburgo e Glasgow, que mal se comparavam a Londres, fator que também serviu de impeditivo para o fortalecimento de um clero poderoso nas cidades, a exemplo do que aconteceu na Europa continental. 
Pelo fato de não haverem cidades importantes e a população se concentrar especialmente nas áreas rurais, um processo de centralização administrativa (e, por conseguinte, também eclesiástica) feita sob moldes absolutistas, tornava-se mais fácil do que na França ou na Alemanha. Naturalmente, sob tais condições, a igreja escocesa era, em termos de rendas e provimentos eclesiásticos, bastante pobre quando comparada à Inglaterra, embora menos no que na Irlanda, despertando assim pouca cobiça de clérigos estrangeiros, de modo que por ocasião da Reforma, a maior parte das prelazias escocesas era ocupada por nativos ou, quando muito, por ingleses. Finalmente o elo principal que justifica a própria razão da existência da igreja – a própria comunidade – essa deixara de participar a muito da vida da igreja, de maneira que virtualmente o catolicismo estava apenas muito superficialmente presente na vida social, econômica e social da Escócia. Foi esse traço superficial do catolicismo escocês que permitiu Knox realizar a reforma da Escócia numa transição que, comparada a de outros países, foi totalmente bem sucedida permanecendo seu sucesso um ineditismo até os dias de hoje .

fonte www.comunidadewesleiana.blogspot.com



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