Rússia, Finlândia, Estônia, Letônia,
Lituânia
Até o tempo da primeira Grande Guerra, a Finlândia, a Estônia, a Letônia, e a Lituânia eram incluídas no império da Rússia, sob a soberania do Tsar (Imperador).
A Rússia recebeu o cristianismo de Constantinopla no décimo século, e adotou a forma grega ortodoxa para a sua igreja. O Tsar levou o título de supremo cabeça da Igreja na Rússia. Até o século XIX a Rússia tinha pouca luz evangélica, mas todos pertenciam nominalmente à Igreja Ortodoxa. Os papas (como se chamam ali os sacerdotes) eram quase tão ignorantes quanto o povo, e a superstição reinava em toda a parte.
No princípio do século XIX, o Tsar era Alexandre I. Durante a invasão de Napoleão (1812), à Rússia Alexandre mostrou sua fé em Deus, e costumava assistir às reuniões de oração. Era um bom cristão e desejava fazer bem ao seu povo, que era muito atrasado e ignorante, mas as idéias conservadoras dos russos em geral impediram muito o progresso do Evangelho. Membros da Sociedade dos Amigos (Quakers) visitaram a Rússia e foram bem recebidos pelo Tsar, que sempre mostrou muita amizade a esta denominação. Ele animou a leitura das Escrituras, e contou que isso lhe fora um grande consolo durante suas dificuldades, mas somente leu a Bíblia pela primeira vez quando tinha quase 40 anos de idade. O Imperador concedeu todas as facilidades à Sociedade Bíblica Britânica para propagar a Palavra de Deus em seu vasto domínio. A Sociedade, enviou um agente chamado Melville, que dedicou 60 anos de sua vida a divulgação das Escrituras na Rússia.
Quando Alexandre morreu, em 1825, sucedeu-o seu irmão Nicolau I, que era reacionário, mas o filho deste, Alexandre II quando se tornou Tsar, fez muitas reformas. Mais de 80% do povo trabalhava no campo e eram "servos" ou escravos dos grandes proprietários. O Imperador terminou esta servidão e proclamou a liberdade pessoal para todos. Liberdade política, porém, não foi conhecida na Rússia, e havia pouca liberdade religiosa, embora o espírito de liberalismo fosse sempre crescente. Alexandre II foi assassinado em 1881, e seu filho Alexandre III continuou suprimindo as liberdades, e perseguindo os dissidentes, como os batistas, stundistas e judeus.
Seu velho professor, chamado Pobedonostef, foi feito Procurador do Santo Sínodo (o corpo governante da igreja russa) e era conhecido como um grande perseguidor de todos os que não pertenciam à Igreja Ortodoxa. Milhares deles foram enviados à Sibéria, onde morreram de frio ou de fome. Na viagem para este exílio, foram levados na companhia dos piores criminosos, com os braços e pés amarrados com pesadas correntes, e tratados com mais brutalidade do que o gado. As prisões da Rússia eram notáveis pelas suas péssimas condições. Muitos morreram de fome e pelas brutalidades infligidas.
No ano de 1866, Lord Radstock, um nobre da Inglaterra, pregou na capital (então Petrogrado) e dirigiu estudos bíblicos nas casas e palácios de vários nobres russos, e muitos deles, de classe mais rica, foram convertidos. Um destes, o coronel Pasckov, depois da sua conversão, viajava pela Rússia, pregando o Evangelho nas prisões, hospitais e salões ou casas particulares, e empregou sua fortuna na distribuição de bíblias e tratados.
Foi, enfim, proibido de pregar, mas continuou este serviço até que foi banido da Rússia pelo "Santo" Sínodo; sendo então muitas das suas propriedades confiscadas. Alexandre III queria na Rússia uma língua e uma igreja, e procurou impor esta política nas suas dependências também, como a Finlândia. Seu filho Nicolau II, que foi feito Tsar em 1894, era homem fraco e estava sob a influência dos seus tios; prometeu reformas, mas não cumpriu sua palavra, pois em 1893 foi publicado um decreto mandando que os filhos dos stundistas fossem tirados dos pais e criados por pessoas pertencentes à Igreja Ortodoxa. Havia perseguições aos judeus e muito deles foram mortos.
O espírito de liberalismo crescia, e havia organizações revolucionárias formadas, mas o governo continuava a sua opressão. Os estrangeiros porém tinham mais liberdade e até os menonitas (batistas alemães) continuaram livremente. O Dr. Baedeker, da Inglaterra, obteve licença para viajar para todas as partes da Rússia e da Sibéria, visitando as cadeias, pregando o Evangelho e distribuindo a Palavra de Deus. Os batistas receberam mais consideração do que os stundistas. A Igreja Batista era mais organizada e o governo pensava que podia melhor fiscalizar ou vigiar as suas atividades.
Os stundistas não eram um corpo organizado. As reuniões dos alemães na Rússia foram chamadas "Stunden" e o nome "stundistas" foi dado por desprezo aos russos que se reuniam para a leitura da Bíblia e oração. Estes grupos de crentes espalhavam-se por toda a parte da Rússia, e cresciam apesar das perseguições. Os "menonitas" eram descendentes dos alemães batistas que recusavam levar armas, e foram convidados pela Imperatriz Catarina para animar o trabalho da lavoura na Rússia no século XVIII. Foram proibidos de evangelizar os russos, mas a Palavra de Deus desta fonte espalhava-se.
Em 1905 houve uma guerra entre a Rússia e o Japão, e a Rússia foi derrotada, trazendo muita confusão ao governo. O povo clamou por reformas e o Tsar viu-se obrigado a conceder liberdade de consciência e culto, e o cruel Procurador foi demitido. Havia uma onda de entusiasmo, e as reuniões de evangelização ficavam cheias de ouvintes. Esta liberdade não durou muito tempo, porque o governo, recuperando mais uma vez o seu poder, e sentindo-se mais seguro, cessou as concessões, e a perseguição começou de novo.
No ano de 1914 rebentou a Grande Guerra. A Rússia entrou nela com muita confiança, mas estava mal preparada, e devido à corrupção interna que se apoderara de toda a sociedade, da política e dos oficiais do governo. O Tsar no começo da guerra baniu sem processo, milhares de crentes, pastores batistas e muitos políticos para a Sibéria, onde ficaram até a revolução, que rebentou em 1917. Então os exilados voltaram. O imperador, com seu governo, e a Igreja Ortodoxa na Rússia, caíram todos juntos. O novo governo era comunista e ateísta. Os nobres e proprietários, foram mortos ou tiveram de fugir, e milhares deles, criados na riqueza e no luxo, foram obrigados a trabalhar em terras estrangeiras por uma pitança.
O imperador Nicolau, a imperatriz, suas filhas e o único filho, foram fuzilados todos juntos. O governo comunista tem procurado extinguir todo o sinal de cristianismo, perseguindo a religião grega, a católica e a evangélica. Tem proibido a entrada da Bíblia no país. Entretanto, os crentes continuaram secretamente com suas reuniões, e o governo não tem podido extinguir a fé deles. A esperança agora (1941) é que a guerra atual traga mais liberdade de culto aos crentes, e que as Escrituras mais uma vez possam entrar na Rússia, para salvação e felicidade do seu povo.(notas historia do cristianismo,A.Knight e W.Anglin,cpad,2009)
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