História dos luteranos no Brasil
A igreja de Martinho Lutero
Muito cedo, luteranos aportaram no Brasil. Já em
1532, o filho de um amigo de Lutero, Heliodoro Eobano, desembarcou em São
Vicente, SP, onde professou sua fé.
A IELB foi fundada no dia 24 de junho de 1904, na
cidade de São Pedro do Sul, na região central do Rio Grande do Sul. Como ramo
do luteranismo, sua origem remonta à Reforma Luterana, liderada por Martinho
Lutero, no século 16.
Igreja
Evangélica de Confissão Luterana dentro do Protestantismo Brasileiro
A IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA DENTRO DO
PROTESTANTISMO NO BRASIL
A Fé Cristã, Curso por Correspondência, Editado pela
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Caderno No. 12, Editora
Sinodal, São Leopoldo
I.
II.
III.
Primeiros Contatos do Protestantismo com o Brasil
Já muito cedo na história do nosso País temos
notícia de pessoas evangélicas. Pelo ano de 1530, por exemplo, vivia em São
Vicente um escrivão chamado Heliodoro Hessus. Era filho de Eobano Hessus, amigo
de Martin Luther. Mais conhecido ainda tornou-se o nome de Hans Staden, um
luterano de Hessen que, pelo ano de 1550, viveu algum tempo no Brasil. No livro
que editou após a sua volta à pátria narra a sua prisão, pelos índios, da qual
conseguiu fugir, e fala de outros perigos pelos quais passou, dizendo que
nesses infortúnios havia encontrado conforto nos hinos de Luther. Tais notícias
são confirmadas pelo Padre Anchieta1 que relata ter deparado na região de São
Vicente com defensores de ideias luteranas. Além dessa existência isolada de
cristãos evangélicos, houve nos dois primeiros séculos duas tentativas de
formar uma Igreja Evangélica:
1. À invasão francesa na Guanabara, em 1555, estava
ligado o plano, apoiado por Coligny, de formar um reino subártico francês, no
qual os huguenotes encontrariam liberdade religiosa. Formou-se uma primeira
comunidade, com 3 pastores reformados, que logo começaram a catequizar os
índios do Botafogo. O primeiro culto evangélico realizou-se em Invocavit de
1557, na ilha hoje denominada de Villegaignon. Desentendimentos internos, e
principalmente a traição de Villegaignon, puseram um fim à existência da
comunidade. Os pasto-. res, presos, apresentaram por escrito a sua fé, a
Confessio Fluminensis. Dois pastores morreram como mártires de sua fé2.
2. No Norte do País, no tempo da invasão holandesa,
formou-se um Sínodo Evangélico muito ativo. Durante o governo de Moritz von
Nassau-Siegen havia 25 pastores. Dedicavam-se à missão entre os índios, como à catequese
dos portugueses. Após a derrota dos holandeses, os pastores deixaram o País3.
Para a história brasileira a existência dessas
comunidades evangélicas ficou sem influência. Ambas as tentativas estavam
ligadas a ações políticas. E, como no combate a essas invasões surgiu, pela
primeira vez, uma noção de nação brasileira, formou-se na consciência do povo a
opinião de serem nacionalismo e protestantismo contrastes irreconciliáveis.
II. Igrejas com Origem no Trabalho Missionário
Principalmente de Missionários Norte-Americanos
Comunidades e, posteriormente, Igrejas evangélicas
brasileiras começam a formar-se a partir do século XIX. Historicamente o
protestantismo no Brasil tem duas origens diferentes:
1. o trabalho missionário, principalmente por parte
de missionários norte-americanos;
2. a imigração de evangélicos, principalmente da
Alemanha.
1. Os primeiros missionários foram dois metodistas
que, em 1836, chegaram ao Brasil, regressando, porém, após poucos anos. Só em
1876 o trabalho metodista foi reiniciado, com a vinda do Rev. Ranson e,
posteriormente, Tucker. Primeiros centros foram Rio, São Paulo e Juiz de Fora
(o Rev. Cranberry). A Igreja Metodista hoje é episcopal, dividida em 5
dioceses, e é membro do Conselho Mundial de Igrejas4.
Em 1855 os congregacionalistas iniciaram o trabalho
na Capital do País, com o missionário Kalley. Em 1858 foi organizada a Primeira
Igreja Evangélica Fluminense. Hoje mantém trabalhos principalmente no centro e
no norte do País5. O primeiro missionário presbiteriano, Rev. A. G. Simon,
chegou ao Rio em 1859. Em 1861 proferiu a primeira prédica em português e em
1862 fundou a primeira Igreja Presbiteriana no Brasil, no Rio de Janeiro. Em
1867 deitou-se a base do primeiro seminário, no Rio. Em 1873 foi iniciada a obra
no Norte do País, tendo Pernambuco como centro. Hoje trabalha em todos os
Estados, sendo o Rio Grande do Sul o último no qual foi iniciado o trabalho6.
Em 1903 sete ministros da Igreja Presbiteriana,
entre eles Eduardo Carlos Pereira, por motivos doutrinários, principalmente com
relação à maçonaria, se desligaram, passando a formar a Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil.
A Igreja Batista, dentro deste grupo, é a
denominação que mais se desenvolveu, sendo superada apenas pela Assembleia de
Deus. A primeira igreja batista foi organizada em 1873 entre os americanos de
Santa Bárbara (Estado de São Paulo). Destacam-se entre os primeiros
missionários os Revs. Bagby e Ta,ylor. O primeiro seminário batista foi fundado
no Rio de Janeiro7.
A Igreja Episcopal começou o seu trabalho no Rio
Grande do Sul, em 1890. Os primeiros missionários foram Kinsolving e Morris.
Foi fundado o Seminário de Porto Alegre, posteriormente transferido para São
Paulo. A Igreja Episcopal conta 3 dioceses, das quais 2 na Rio Grande do Sul,
com 3 bispos vitalícios. -É membro do Conselho Mundial de Igrejas8.
O Movimento Pentecostal (Assembleia de Deus) iniciou
o trabalho no Brasil em 1910, com a vinda de dois missionários americanos de
origem sueca, Daniel Berg e Olaf Uldin, em Belém do Pará. Desenvolveu-se de
modo surpreendente. Não há hoje centro urbano em que não esteja presente a
Assembleia de Deus, constituindo centros de irradiação que se expandem para
toda a área do Brasil. É o maior movimento evangélico, e o que cresce mais
rapidamente9
.
III. Igrejas com Origem na Imigração de Evangélicos
1. A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no
Brasil (IECLB)10 tem a sua origem na vinda de imigrantes evangélicos para o
Brasil, a partir do início do século XIX. Ela é, portanto, a mais antiga Igreja
evangélica no Brasil. Após a proclamação da Independência do Brasil o governo
imperial incentivou a imigração europeia, já antes iniciada, porque o País
necessitava de homens para cultivar o solo. Com essa imigração, no começo quase
totalmente da Alemanha, e que se estenderia por todo o século, pela primeira
vez, trezentos anos após o descobrimento, vieram evangélicos, em número
considerável e para sempre, ao Brasil. A primeira colônia alemã no Brasil
fundou-se em 1818, na Bahia, recebendo o nome de Leopoldina, em homenagem à
princesa Leopoldina. No mesmo ano fundou-se a colônia São Jorge dos Ilhéus,
também na Bahia. Em 1818, por suíços franceses, foi fundada a colônia Nova
Friburgo, no Estado do Rio, à qual se juntaram em 1823 famílias alemãs, entre
elas o primeiro pastor evangélico no Brasil, o Pastor Sauerbronn11.
a) Época da Existência de Comunidades Isoladas
Enquanto a imigração planejada em Santa Catarina,
Paraná e outros Estados começou apenas a partir de 1850, no Rio Grande do Sul
os primeiros imigrantes chegaram em 1824, desembarcando em São Leopoldo no dia
25 de julho. Entre os imigrantes da segunda leva, em 1824, se encontrava o
Pastor Ehlers12, que em Hamburgo exercera as funções de sacristão-mor,
tornando-se o primeiro pastor dos imigrantes, com sede em São Leopoldo.
Seguiram-se o Pastor Klingelhoeffer13, que depois veio a morrer em combate na
Revolução Farroupilha, e o Pastor Voges14, que se radicou em Três Forquilhas,
com o seu nome transformado pelo povo em Borges. Quanto à situação dos
evangélicos no País a Constituição Política do Império, de 25 de março de 1824,
determinava em seu artigo 5: A Religião Católica Apostólica Romana continuará a
ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu
culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma
exterior de templo. Esse artigo até a proclamação da República, em 1889, é a
base legal para a existência e o trabalho de cristãos e comunidades evangélicas
no Brasil.
Nos primeiros anos, alguns pastores evangélicos,
como os sacerdotes católicos, recebiam um ordenado do Estado; o Governo
ajudava, também, na aquisição de cemitérios e de moradias para os pastores. Mas
isso acontecia sem fundamento legal, era uma medida passageira, dos primeiros
tempos, e nunca geral. Na realidade, imigrantes e pastores, quanto à vida
eclesiástica, estavam inteiramente entregues a si mesmos. Os pastores eram
poucos, tinham vindo casualmente e, na maioria, careciam de uma formação
teológica regular. Passaram 35 anos, isso é, uma geração inteira, até que
entidades eclesiásticas na Alemanha começassem a reconhecer e a assumir a sua
responsabilidade pelos irmãos que haviam emigrado para o Brasil.
As comunidades eram inteiramente autônomas. Escolhiam
como pastor a quem julgavam competente, demitindo-o quando lhes parecia
conveniente. O pastor era simples empregado. As comunidades eram associações
livres, sem estatutos, dando margem às maiores arbitrariedades. As
consequências destes primeiros 35 anos, em parte, ainda hoje se fazem notar.
b) A Formação de Sínodos
Um novo período começa em 1864 com a vinda do Pastor
Borchard15, que assumiu a paróquia de São Leopoldo. Fora enviado pela
Evangelische Gesellschaft für die protestantischen Deutschen in Südamerika.
Após várias tentativas de organizar a vida
eclesiástica com o apoio do Estado, por meio da instituição, pelo mesmo, de um
Consistório Evangélico — tentativas que não lograram êxito devido ao caráter
católico do Governo — Borchard propôs a formação de um Sínodo. Esse se
constituiu no Rio Grande do Sul em 1868 com a presença de 9 pastores e outros
tantos representantes de comunidades. Borchard foi eleito presidente. Os
estatutos dizem:
§ 1o — O Sínodo Evangélico Alemão da Província do
Rio Grande do Sul, baseando-se exclusivamente na Sagrada Escritura, reconhece
as confissões principais da Reforma, em especial a Confissão de Augsburgo.
§ 2o — O Sínodo Evangélico Alemão do Rio Grande do
Sul, em doutrina, culto e disciplina, segue a Igreja Evangélica na Alemanha,
principalmente na Prússia, e reconhece o Supremo Conselho Eclesiástico
Evangélico em Berlim como autoridade eclesiástica máxima.
Interessante é o § 9 O Sínodo procurará estabelecer
contatos com o Sínodo Evangélico dos Estados do La Plata, assim como com as
conferências pastorais e comunidades nas demais províncias do Brasil.
A formação desse Sínodo foi uma tentativa de
organizar a vida eclesiástica evangélica com o auxílio da autoridade
eclesiástica na Alemanha. Embora se tenha reunido mais duas vezes,
juridicamente não chegou a existir, porque o Evangelischer Oberkirchenrat de
Berlim não reconheceu os estatutos, nem a filiação do Sínodo prevista nos
mesmos. O Pastor Borchard regressou para a Alemanha.
Em 1875 começa o trabalho do Pastor D. Wilhelm
Rotermund16. Luterano da Igreja de Hannover, fora enviado ao Brasil por
Fabri17, da Evangelische Gesellschaft für die protestantischen Deutschen in
Südamerika. Assumiu a paróquia de São Leopoldo, como sucessor de Borchard.
Havia naquele ano 15 paróquias e pastores no Rio Grande do Sul.
Para representar e defender a causa evangélica em
público, principalmente contra os ataques de von Koseritz18, que, naquela
época, propagava o materialismo alemão, Rotermund fundou em 1877 o Deutsche
Post, jornal impresso em oficinas próprias, e que só em 1926 deixaria de
aparecer. Por meio de circulares procurou estabelecer maior contato com os
pastores. Na sétima circular, em 1886, Rotermund apela para a formação de um
Sínodo.
Haviam fracassado as tentativas de dar uma ordem à
vida eclesiástica evangélica com auxílio da autoridade do governo provincial;
havia igualmente fracassado a tentativa de obter uma regulamentação com o
auxílio da autoridade eclesiástica na Alemanha. Rotermund, em 1886, tem a
coragem de estabelecer urna autoridade eclesiástica genuinamente brasileira,
apoiando-se na autonomia das próprias comunidades. Juntamente com a circular
mencionada ele dá a conhecer um esboço de estatutos, cujos 2 primeiros artigos
têm o seguinte teor:
Art. 1o — Sob o nome 'Sínodo Riograndense' forma-se
uma associação de comunidades evangélicas da Província do Rio Grande do Sul com
a finalidade de cuidar da boa ordem nas comunidades evangélicas e representar
os interesses das mesmas em Igreja e Escola. Comunidades existentes fora da
Província poderão filiar-se ao Sínodo.
Art. 2o — Com base na Sagrada Escritura o Sínodo
confessa os símbolos da Reforma Alemã, em especial a Confissão de Augsburgo,
seguindo em culto, doutrina e disciplina as igrejas da Reforma. Esse Sínodo
baseia-se na autonomia das comunidades. Nem o governo da Província, nem a
Igreja na Alemanha, mas as próprias comunidades constituem o Sínodo, garantindo
a sua existência e determinando sobre a sua competência. Toda a autoridade
eclesiástica provém das comunidades. Rotermund foi eleito presidente do Sínodo,
em 188619.
Dez anos depois, em 1896, no Estado de Santa
Catarina se deram os primeiros passos para uma organização sinodal. Formou-se,
sob a iniciativa do Pastor Runte20, a Conferência Pastoral Evangélica de Santa Catarina
à qual, em 1907, com a presença de 11 pastores e do Propst D. Braunschweig21
(representante da Igreja na Alemanha) se deu estatutos, segundo os quais visa
representar também as comunidades e estreitar o contato entre elas. Em 1909, na
reunião em Blumenau, a Conferência é transformada na Associação Paroquial
Evangélica Alemã de Santa Catarina, sob a presidência do Pastor Mummelthey22.
Após a Primeira Guerra Mundial os estatutos foram reformados e a associação
passou a denominar-se Sínodo Evangélico Alemão de Santa Catarina, Paraná e
outros Estados.
A distância geográfica dos diversos centros de
colonização, a falta de comunicação entre eles, assim como a diversidade de
entidades eclesiásticas que enviavam pastores, dificultaram a organização
sinodal em Santa Catarina. Ao lado da Conferência Pastoral formou-se em Santa
Catarina uma segunda entidade eclesiástica, que passou a denominar-se Sínodo
Evangélico Luterano, com trabalho nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Espírito Santo. O Lutherischer Gotteskasten, da Alemanha, que até então
enviara pastores para os Estados Unidos, em 1897 enviou o primeiro pastor para
o Brasil, o Pastor Kuhr23, que assumiu a paróquia vacante da Inselstrasse.
Outros pastores do Gotteskasten vieram, assumindo as paróquias de Joinville,
Dona Francisca e outras, no Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo, onde o
trabalho tinha sido iniciado por missionários da Basiléia. Em 1905
constituiu-se o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros
Estados.
O Sínodo Evangélico do Brasil Central foi
constituído nos anos de 1912/13, com sede no Rio de Janeiro (onde existia uma
comunidade desde 1827) e campos de trabalho nos Estados de São Paulo, Rio,
Minas Gerais e Espírito Santo. Em extensão geográfica é o maior, em número de
comunidades e membros o menor dos Sínodos24.
A proclamação da República em 1889 trouxera inteira
liberdade de culto. A Constituição de 1891 estabelece no seu artigo 72: Todos
os indivíduos e confissões religiosas podem exercer pública e livremente o seu
culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições
do direito comum. Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá
relações de dependência ou aliança com o governo da União ou dos Estados.
Dispõe ainda: as organizações religiosas são associações civis, podendo
adquirir o status de pessoas jurídicas. Com isso, os estatutos, não só dos
Sínodos, mas também das comunidades, se tornam obrigatórios, sendo lei para a
própria comunidade, limitando, as- em parte, as arbitrariedades.
c) Intensificação das Relações para com a Igreja-Mãe
Com o ano de 1900 começa um novo capítulo na
história dos Sínodos e das comunidades. Neste ano a Igreja da Prússia, a APU
(Altpreussische Union), por meio de decreto, abriu a possibilidade de serem
filiados a ela pastores e comunidades do Brasil. O Sínodo Rio-grandense
resolveu recomendar tal filiação a seus pastores e comunidades. Também
comunidades e pastores dos outros Sínodos fizeram uso dessa possibilidade, com
exceção do Sínodo Evangélico Luterano, que procurou filiar-se à Igreja da
Baviera, o que essa, porém, não aceitou. A filiação à APU, com a qual essa
assumiu compromissos para com pastores e comunidades. implicava a inclusão nos
estatutos das seguintes disposições: Em caso de dissolução os bens pertencerão
ao Sínodo Evangélico Alemão, e: A comunidade só pode ter um pastor reconhecido
pelo Sínodo, e: Qualquer alteração destes estatutos depende do consentimento do
Sínodo. É evidente que, com essas disposições, a APU procurava fortalecer a
posição dos Sínodos diante do individualismo das comunidades.
Houve visitas oficiais de pessoas de destaque da
vida eclesiástica na Alemanha, como do Superintendente Geral D. Zoellner25 e do
D. Braunschweig, pelo ano de 1908/10, para resolver questões administrativas.
D. Braunschhweig foi nomeado representante permanente da APU, com sede em Porto
Alegre.
Essas relações para com entidades eclesiásticas na
Alemanha, embora interrompidas por algum tempo durante a Primeira Guerra
Mundial — ano em que as comunidades começaram a sentir e a assumir a sua própria
responsabilidade — foram intensificadas após os anos da Guerra. Contudo,
havia-se dado alguns passos importantes: Foi estipulada, pela primeira vez, uma
contribuição sinodal; o Sínodo Rio-grandense elaborou novos estatutos, que
foram aceitos em 1922; foi fundada a Caixa de Aposentadoria dos Pastores; e foi
fundado, em 1923, em Cachoeira, pelo Pastor Hermann Dohms, o Instituto
Pré-Teológico que, em 1927, foi transferido para São Leopoldo.
Mas, a partir de 1925, foram restabelecidas, e
sempre mais estreitadas, as relações para com a Igreja na Alemanha. Em 1928 o
Sínodo Rio-grandense, como organização eclesiástica, filiou-se ao Deutscher
Evangelischer Kirchenbund (Federação de Igrejas Evangélicas da Alemanha),
posteriormente Igreja Evangélica Alemã; foi seguido pelo Sínodo Evangélico
Luterano, que se filiou em 1933. As relações eram regulamentadas por convênios.
Com esse ato a Igreja Evangélica na Alemanha assume a responsabilidade pela
aposentadoria dos pastores, assistência às famílias, assim como outros
compromissos de ordem pessoal e financeira, trazendo consigo um grande
desenvolvimento do trabalho; mas, com esse ato, estagnaram os esforços dos
Sínodos de se tornarem autônomos, financeira e juridicamente. A suprema
autoridade eclesiástica, nos Sínodos, estava com os poderes eclesiásticos na
Alemanha.
d) Em Caminho para uma Igreja Autônoma Brasileira
Uma nova época na história eclesiástica evangélica
do Brasil começa em 1938. Neste ano, pela primeira vez, se reuniram os
presidentes dos quatro Sínodos, para estabelecer em linhas gerais uma ação em
conjunto para os anos vindouros, durante os quais, como já era evidente,
poderiam contar apenas com seus próprios recursos, sendo necessário atuar como
Igrejas de fato autônomas. Esse contato entre os Sínodos, através da
conferência de seus presidentes, estreitou-se sempre mais durante os anos
subsequentes, culminando na resolução unânime de se unirem os quatro Sínodos em
uma só Igreja brasileira, de confissão luterana, independente e autônoma. Mas
ficou estabelecido que, por motivos de lealdade, esse ato se concretizasse
somente em comum acordo com a Igreja-Mãe, da qual estariam separados por longos
anos. Em 1948 o Presidente do Departamento de Relações Exteriores da Igreja
Evangélica na Alemanha26 fez saber aos Sínodos que, segundo a sua convicção,
havia chegado o momento de se unirem os quatro Sínodos em uma Igreja autônoma
brasileira, cujas relações para com a Igreja Evangélica na Alemanha seriam
reguladas por um convênio entre ambas as Igrejas. Esse convênio foi ratificado
em 1955, achando-se ainda em vigor.
Os anos da Segunda Guerra Mundial foram de
importância decisiva para a conscientização das comunidades quanto à sua
própria responsabilidade e, de importância maior ainda, para a reavaliação
teológica da tarefa da Igreja. Nestes anos se concretizou uma transformação já
há muito preparada: a época da Igreja dos imigrantes, cuja tarefa primordial
era a de congregá-los e mantê-los unidos, estava chegando ao fim; e em seu
lugar surgia uma Igreja arraigada no País, participe da responsabilidade pela
formação da vida do seu povo, responsável para que neste País hoje e no futuro,
a todos os homens, sem distinção alguma, seja anunciado o Evangelho de Jesus
Cristo.
Um dos primeiros atos em que se manifestou essa transformação,
foi a fundação da Escola de Teologia, em São Leopoldo, em 1946, hoje Faculdade
de Teologia da IECLB.
Em 1949 os quatro Sínodos, através de seus órgãos
competentes, aceitaram a Ordem Básica (Constituição) de uma Federação Sinodal a
ser por eles constituída. Em maio de 1950 realizou-se em São Leopoldo o
Concílio Eclesiástico Constituinte da Federação Sinodal, presidido pelo D.
Hermann Dohms, presidente do Sínodo Rio-grandense que, nessa qualidade, segundo
a Constituição, seria o presidente ex-officio da Federação Sinodal até o II
Concílio. O Concílio de 1950 ratificou urna Declaração básica, apresentada por
D. Dohms, de importância decisiva para a evolução da Federação, que culminou
nas 4 seguintes teses:
1. A Federação Sinodal é Igreja de Jesus Cristo no
Brasil com todas as consequências daí advindas para a proclamação do Evangelho
neste País e para a corresponsabilidade pela formação da vida política,
cultural e econômica de seu povo.
2. Esta Igreja é confessionalmente determinada pela
Confissão de Augsburgo e o Pequeno Catecismo de Lutero, pertence à família das
Igrejas moldadas pela Reforma de Martim Lutero, e quando adotará em lugar de
'Federação' a denominação de 'Igreja', o que esperamos para breve, exprimi-lo-á
nesta mesma denominação.
3. Como Igreja assim determinada confessionalmente,
a Federação Sinodal se encontra na comunhão das Igrejas representadas no
Conselho Mundial, as quais reconhecem o Evangelho de Jesus Cristo, que nos
transmite a Sagrada Escritura, como única regra e diretriz de sua obra
evangélica e de sua doutrina.
4. A Federação Sinodal cultiva a comunhão de fé com
a Igreja-Mãe, a Igreja Evangélica na Alemanha, que pela sua Ordem Básica
evidencia a comunhão da cristandade evangélica na Alemanha e se enquadra na
ordem ecumênica.
Destas frases, como da Ata do 1 Concílio, deduz-se
claramente que a Federação Sinodal desde o início é Igreja. Na qualidade de
Igreja, e como tal reconhecida, foi aceita em 1951/52 como membro do Conselho
Mundial de Igrejas e da Federação Mundial Luterana, e em 1958, como Igreja,
tornou-se membro efetivo da Confederação Evangélica do Brasil.
Já o II Concílio Eclesiástico em 1954, em São
Leopoldo, alterou o nome, acrescentando Igreja Evangélica de Confissão Luterana
no Brasil, passando, portanto, a ser o nome da entidade: Federação Sinodal,
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
No IV Concílio, novamente em São Leopoldo, no qual
foi aprovada uma nova constituição, foram eliminadas as palavras do nome
original Federação Sinodal. O atual nome, Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil expressa o que a entidade ao ser constituída quis ser.
D. Hermann Dohms, eleito pelo II Concílio, exerceu a
presidência até a sua morte, em novembro de 1956. Entrou então em exercício o
vice-presidente, D. Ernesto Th. Schlieper, pastor da comunidade do Rio de
Janeiro, o qual foi eleito presidente pelo III Concílio, realizado em 1958 em
Curitiba, sendo reeleito pelo IV Concílio.
Segundo a Constituição atualmente em vigor, a IECLB
é constituída pelos Sínodos, cujo número, após a fusão do Sínodo Evangélico de
Santa Catarina e Paraná e da Igreja Luterana no Brasil, ocorrida em 1963, e que
passaram a formar o Sínodo Evangélico Luterano Unido, ficou reduzido a três, os
quais continuam a ser pessoas jurídicas, com sua administração própria.
Os órgãos administrativos da IECLB são:
a) O Concílio Eclesiástico, constituído: 1. dos
membros do Conselho Diretor, 2. de 20 membros eleitos, dos quais 10 são
delegados do Sínodo Rio-grandense, 8 delegados do Sínodo Evangélico Luterano
Unido e 2 do Sínodo Evangélico do Brasil Central, e 3. de 4 membros nomeados
pelo Conselho Diretor.
b) O Conselho Diretor, constituído: 1. do Presidente
da Igreja, 2. do Presidente, 19 Vice-presidente, 1 pastor e 2 leigos do Sínodo
Rio-grandense ; 3. do Presidente, 1º. Vice-presidente e 2 leigos do Sínodo
Evangélico Luterano Unido, e 4. do Presidente e 1 membro leigo do Sínodo
Evangélico do Brasil Central.
c) O Presidente da Igreja, eleito pelo Concílio
Eclesiástico, com mandato de 8 anos.
Em virtude de resoluções e moções de assembleias e
diretorias sinodais, bem como de conferências pastorais, no sentido de que
fossem tomadas as medidas condizentes para que a IECLB em sua estrutura
correspondesse á realidade expressa pelo seu nome, o Conselho Diretor, em
outubro de 1965, formou uma Comissão Inter-Sinodal, incumbindo-a do estudo da
reestruturação.
O resultado do estudo dessa comissão foi o
anteprojeto de uma nova constituição da IECLB, que foi apresentado ao IV
Concílio Eclesiástico, realizado em outubro de 1966, em Porto Alegre.
Discutido, emendado e alterado, o anteprojeto foi aceito pelo Concílio como
base de discussão, a ser apresentado aos Concílios Regionais e Sinodais. As
emendas e alterações resolvidas pelas Assembleias Sinodais, em 1967, por
incumbência do Conselho Diretor, foram estudadas e coordenadas pela mesma
Comissão Inter-Sinodal de Reestruturação. Após minucioso exame pelo Conselho
Diretor, o novo projeto de constituição será apresentado, para ratificação, ao
Concílio Eclesiástico Extraordinário, a ser convocado para os dias 23 a 27 de
outubro de 1968. Pela ratificação da nova constituição será consumada a fusão
dos três Sínodos existentes.
A nova constituição prevê quatro unidades
eclesiásticas:
1. a Paróquia, composta de uma ou mais comunidades;
2. o Distrito Paroquial, composto de determinado
número de Paróquias;
3. a Região Eclesiástica, sobre cujo número e
delimitação decidirá o Concílio Eclesiástico;
4. a Igreja.
Os órgãos administrativos centrais da IECLB serão:
1. 0 Concílio Eclesiástico;
2. o Conselho Diretor;
3. o Presidente.
Concomitantemente com a centralização, a
constituição prevê uma descentralização. As Regiões serão presididas por um
pastor superintendente (ou outro título equivalente), de tempo integral, que
exercerá as suas funções de guia espiritual não só em virtude de sua eleição
pelo Concílio Regional, mas concomitantemente, em nome do Conselho Diretor da
IECLB, devendo ser pessoa de confiança do mesmo.
A administração central da Igreja estará a cargo de
uma Secretaria Geral, dirigida por um pastor, nomeado pelo Conselho Diretor.
Será um novo período que começará com a ratificação
da nova constituição. O Concílio Extraordinário de outubro de 1968 terá uma
tarefa de singular responsabilidade, que exige uma grande fé em Deus, o Senhor
da Igreja, e a confiança em que não somos nós que formamos a Igreja, mas que é
Deus mesmo que pelo seu Santo Espírito determina os desígnios de sua Igreja.
2. A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
começou o seu trabalho no Rio Grande do Sul. No ano de 1899 o Pastor
Brutschin27, pastor e ex-membro da diretoria do Sínodo Rio-grandense,
dirigiu-se ao Sínodo Evangélico Luterano de Missouri, Ohio e outros Estados, no
Estados Unidos, solicitando que enviassem pastores para o Rio Grande do Sul. Em
1900 foi enviado o Pastor Broders, incumbido de estudar a situação e de
preparar a vinda de mais pastores-missionários. Em 1901 quatro pastores
começaram a trabalhar na região sul do Rio Grande do Sul, entre imigrantes
alemães e descendentes dos mesmos. Em 1902, com o Pastor Mahler, iniciou o
trabalho em Porto Alegre que se tornou o centro da Igreja. Em 1904 foi
constituído o Sínodo, hoje Igreja Evangélica Luterana do Brasil, como distrito
brasileiro da Igreja Evangélica Luterana — Missouri Synod
.
IV. Confederação Evangélica do Brasil
A Confederação Evangélica do Brasil (CEB) é uma
associação de Igrejas evangélicas no Brasil que tem por fim estreitar os laços
de cooperação entre as Igrejas no País e de representá-las publicamente em
assuntos de interesse comum. Não é super-Igreja, não lhe cabe nenhuma
jurisdição sobre as Igrejas filiadas, ficando todas as suas resoluções sujeitas
ad referendum das mesmas. A CEB foi fundada em 1934, tendo, porém, como
precursores três órgãos de cooperação já existentes no seio do protestantismo
brasileiro: a Comissão Brasileira de Cooperação (filiada ao Committee on
Cooperation in Latin America, de New York), fundada em 1916, com sede no Rio de
Janeiro; a Federação de Igrejas Evangélicas, fundada em 1931; e a União das
Escolas Dominicais do Brasil. Esses três órgãos se uniram em 1934 na
Confederação Evangélica do Brasil. Um dos maiores batalhadores pela cooperação
das Igrejas foi Erasmo Braga. Rodolfo Anders serviu por mais de 30 anos à CEB,
na qualidade de secretário-executivo.
A CEB é dirigida por uma diretoria, eleita pela
Assembleia Geral Bienal. O atual presidente é o Rev. Karl Gottschald28,
presidente do Sínodo Rio-grandense. Os atuais membros efetivos da Confederação
são: a Igreja Metodista do Brasil, a Igreja Presbiteriana, a Igreja
Presbiteriana Independente, a Igreja Episcopal Brasileira, a Igreja
Congregacional, a Igreja Reformada Húngara de São Paulo, a Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Metodista Livre do Brasil.
notas Luteranos.com.br
Origem da IELB
Em 1817, o governo da Prússia, o maior estado
alemão, impôs a união de luteranos e reformados calvinistas. Muitos não
aceitaram essa imposição, formando igrejas puramente luteranas em toda a
Prússia. Dessas igrejas independentes, alguns emigraram para o Novo Mundo,
formando igrejas de cunho marcadamente confessional.
Luteranos dessa tendência, da Igreja Luterana Sínodo
Missouri dos Estados Unidos, vieram para dar assistência a emigrados alemães
luteranos no Brasil. Originada das igrejas luteranas independentes
confessionais, essa se tornou uma característica marcante na história da IELB.
Na sua literatura teológica e devocional, nos temas de suas conferências e
convenções, essa tem sido a ênfase mais presente.
A maior parte dos alemães que emigraram ao Brasil no
século XIX fixaram residência no Rio Grande do Sul. Aí organizaram-se, de
acordo com a sua origem, em luteranos, reformados ou unidos. Em 1886, fundou-se
o Sínodo Rio-Grandense, sob a liderança do Rev. Wilhelm Rotermund. Em 1968,
esse Sínodo, com o Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e
outros Estados da América do Sul (1905), a Associação de Comunidades
Evangélicas de Santa Catarina e Paraná (1911) e o Sínodo Evangélico do Brasil
Central, formaram a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
A IECLB registra atualmente 700 mil membros.
Começando o trabalho
A pedido do pastor Johann F. Brutschin, de Novo
Hamburgo, RS, a Igreja Luterana - Sínodo de Missouri dos Estados Unidos enviou
ao Brasil o pastor Christian J. Broders. O pastor Broders tinha a tarefa de
investigar a possibilidade missionária no Brasil. Ele começou o trabalho na
localidade de São Pedro, município de Pelotas, Rio Grande do Sul. Aprovado o
trabalho, logo chegaram outros missionários.
Broders fundou, no dia 1° de junho de 1900, com 17
famílias, a Comunidade Evangélica Luterana São João, em São Pedro, a 40 km de
Pelotas, RS, a primeira igreja da IELB no país.
Em 1904, no dia 24 de junho, foi fundada, em São
Pedro do Sul, perto de Santa Maria, RS, com a presença de 14 pastores, um
professor e 10 leigos, representando 10 congregações com aproximadamente três
mil membros, a Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
O trabalho pioneiro cresceu e em 2007 registrou 233
mil membros batizados na Igreja. A partir de trabalhos missionários da IELB, a
igreja luterana chegou ao Paraguai e Portugal - hoje nossas igrejas irmãs - e
que colaboram com a missão em diversos países enviando pastores.
A história da Igreja Luterana coincide com a origem
das igrejas protestantes no mundo. Tudo começou em meados do século 16, na
Alemanha, a partir do protesto do então monge Martinho Lutero, conhecido como
líder da Reforma Protestante. Foi Lutero quem estabeleceu os alicerces
doutrinários da primeira igreja não-católica da História. O movimento de
protesto às ações abusivas da Igreja Católica Apostólica Romana –
principalmente quanto à venda de indulgências – atraiu muitos adeptos,
conhecidos até hoje como luteranos.
Até o fim do século 18, a Igreja Luterana permaneceu
instalada basicamente em território europeu. No entanto, em 1817, o governo alemão
impôs a união de luteranos e calvinistas, provocando dispersões. Muitos não
aceitaram a imposição e fundaram igrejas independentes. Dessas denominações,
alguns imigrantes foram para os Estados Unidos, onde formaram igrejas de cunho
confessional. Uma das tendências surgidas foi a Igreja Luterana – Sínodo de
Missouri, que acabou por enviar missionários ao Brasil.
Wilhelm Mahler: primeiro presidente da igreja, de
1904 a 1910, foi também o primeiro missionário americano da igreja a residir no
Brasil
PRIMEIROS LUTERANOS NO BRASIL
Entre os primeiros evangélico-luteranos que
colocaram os pés no Brasil estão Heliodor Hesse – filho do humanista alemão
Helius Eobano Hesse, amigo de Martinho Lutero – e Hans Staden, que cantou hinos
de Lutero e erigiu a primeira capela evangélica enquanto esteve prisioneiro de
índios em Ubatuba (SP), em 1554. No entanto, a igreja luterana brasileira
começou a emergir em 1824, nos assentamentos de novos contingentes de
imigrantes alemães, principalmente no sul do país.
Antes mesmo da criação da IELB, em 1900, August
Wilhelm Gowert e sua família fundaram o primeiro templo luterano no Rio Grande
do Sul
A maior parte desses alemães foram morar no Rio
Grande do Sul, onde se organizaram conforme a tendência religiosa que seguiam –
luteranos unidos ou reformados. Foi aí que surgiram então as duas igrejas da
denominação mais conhecidas no Brasil: a Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil (IECLB) e a Igreja Evangélica Luterana no Brasil (IELB).
Atualmente, as duas mantêm sede nacional em Porto Alegre (RS) e possuem
congregações por todo o país.
Seminário Concórdia, em 1909, localizado na atual
Avenida Voluntários da Pátria, no centro de Porto Alegre
Tanto uma quanto a outra têm origem na mesma reforma
feita por Martinho Lutero. No entanto, a IELB tem vínculos originais com o
Sínodo Missouri, dos EUA, e a IECLB mantém uma relação histórica mais próxima
com a Europa. “Esta vinculação histórica diversa trouxe algumas ênfases
doutrinárias diferentes. Nos últimos anos, contudo, as duas Igrejas Luteranas
mantêm um diálogo ecumênico mais próximo. Cooperam em diversas atividades como
na Comissão Interluterana de Literatura (CIL), em Luteranos Unidos em
Comunicação (LUC) e Comissão Interluterana de Diálogo (CID)”, explica Walter
Altmann, pastor presidente da IECLB.
Além disso, existem outras igrejas de menor porte,
como a Igreja Luterana Livre, a Igreja Luterana Finlandesa no Brasil
(exclusivamente formada por descendentes finlandeses), e outras de orientação
pentecostal, filiadas à Aliança Luterana de Igrejas em Avivamento (ALIA). “No
seio da igreja luterana, surgiram grupos que divergiram da doutrina luterana
tradicional e fundaram outras denominações. Alguns desses grupos permanecem
ainda hoje como denominações, outros se uniram a grupos neopentecostais já
existentes”, esclarece pastor Mário Lehenbauer, vice-presidente da IELB.
Atual sede administrativa da IELB, em Porto Alegre.
O local foi sede do Seminário Concórdia até meados dos anos 80
O censo do IBGE do ano 2000 revelou que 1,062 milhão
de pessoas se declarou de “confissão luterana”, aproximadamente 100 mil a mais
do que a soma da membresia oficial das igrejas (consideradas a IECLB, a IELB e
as chamadas comunidades “livres” do sul do país). “Esse dado revela haver um
número significativo de pessoas que se consideram ‘luteranas’, embora não
estejam arroladas como membros de comunidades das igrejas luteranas”, explica
Walter Altmann, pastor presidente da IECLB.
Paulo Moisés Nerbas: pastor presidente. A diretoria
nacional da IELB tem quatro anos de mandato, podendo haver reeleição
DOUTRINA
Todo esse montante de fiéis tem como base
doutrinária uma só fonte: a Bíblia Sagrada. Desde a igreja antiga, foram
elaborados credos e confissões que resumem e atualizam os conteúdos da fé
cristã para cada época mediante as Escrituras. “A doutrina base da igreja
luterana é a justificação pela fé e as demais podem ser colocadas abaixo desse
tripé: somente a fé, somente a Escritura, somente a graça. A mesma Lei que
condena o pecador continua sendo pregada, e o mesmo Evangelho que, por causa de
Cristo, absolve o pecador, também continua sendo anunciada com a mesma ênfase
em toda a igreja”, sintetiza pastor Mário Lehenbauer.
Walter Altmann é o atual pastor presidente da IECLB
Desde os tempos de Lutero, a missão da Igreja
Luterana continua sendo a propagação do Evangelho. “A relevância de uma igreja
cristã se define na relação do seu compromisso com a missão de Deus. Há em
nosso país inúmeras pessoas que andam sem rumo, sem fé ou que perderam a fé, às
quais devemos prestar contas da ‘esperança que há em nós’ (1 Pe 3.15)”, prega
pastor Walter. No entanto, a Igreja Luterana também atua na área editorial e
educacional. A Editora Concórdia e a Universidade Luterana do Brasil são
destaques de realização da
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
(IECLB) surgiu em 1949 sob nome de Federação Sinodal. Em 1954 foi denominada de
Federação Sinodal/Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, recebendo
seu nome atual em 1962. A Igreja se constituiu em nível nacional a partir da reunião
de quatro sínodos, a saber, o Sínodo Riograndense (fundado em 1886), o Sínodo
Evangélico Luterano (1905), a Associação Evangélica de Comunidades de Santa
Catarina (1910) e do Sínodo Brasil Central (1911). Em 1968 os sínodos deixaram
de existir, dando lugar às Regiões Eclesiásticas e distritos. Em fevereiro de
1997, em Concílio Geral Extraordinário, foi criada a atual estrutura composta
de 18 sínodos.
Um pouco da história
Em 1946 foi realizada mais uma conferência de
presidentes que ocorreria novamente em 1948. Nesta, realizada em 27 e 28 de
julho, a conferência de presidentes recomendou aos quatro sínodos que viriam a
integrar a atual Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) o
“projeto de uma ordem da Federação Sinodal”. As assembléias sinodais aprovaram
o projeto nas seguintes datas: o Sínodo Evangélico-Luterano, em 15 de novembro
de 1948, o Sínodo Riograndense em 14 de maio de 1949, Sínodo do Brasil Central
em 28 de julho de 1949 e Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná em 24 de
setembro de 1949. Assim, em 26 de outubro de 1949, em São Leopoldo, ocorreu a
efetivação da constituição da Federação Sinodal.
Em 1954, no 2° Concílio da Federação Sinodal,
ocorrido no Morro do Espelho, em São Leopoldo/RS, foi aprovada a complementação
ao nome “Federação Sinodal”, a saber, Igreja Evangélica de Confissão Luterana
no Brasil”. Com isso, expressou-se na designação o caráter de Igreja da
Federação Sinodal e, por outro lado, seu caráter de Igreja enraizada no Brasil.
Em 1962, a designação “Federação Sinodal” foi abolida. Entendeu-se o designação
da IECLB assim:
IGREJA – um povo que, chamado por Deus, se reúne em
uma fé, celebra o culto e expressa sua vida em comunhão com Deus e serviço ao
próximo;
EVANGÉLICA – o fundamento, a fonte e a norma crítica
da igreja é o evangelho de Jesus Cristo;
DE CONFISSÃO – a fé da comunidade cristã é
testemunhada e vivida diante dos homens e do mundo;
LUTERANA – segundo Lutero, o luteranismo em si é
desinteressante, mas em espírito ecumênico cremos que há uma só igreja de Jesus
Cristo, que se renova pelo evangelho gratuito, aceito em fé para uma vida em
fidelidade e amor;
NO BRASIL – cada igreja tem um lugar específico de
vivência e testemunho. O Brasil é marcado por pluriformidade religiosa,
diversidade racial, contrastes sociais, injustiças, crises políticas e de
desenvolvimento.[36]
Em 1962 o Sínodo Evangélico-Luterano e o Sínodo
Evangélico de Santa Catarina e Paraná se fundiram, vindo a constituir o Sínodo
Evangélico-Luterano Unido. Em 1968, finalmente, os três sínodos foram
dissolvidos pelo 6º Concílio Extraordinário, realizado em Santo Amaro, São
Paulo, criando-se a estrutura de Regiões Eclesiásticas. Tratam-se das
- Região Eclesiástica I (sede no Rio de Janeiro/RJ;
Vitória/ES)
- Região Eclesiástica II (sede em Joinville/SC)
- Região Eclesiástica III (sede em Panambi/RS)
- Região Eclesiástica IV (sede em São Leopoldo/RS).
Em 1976, o X Concílio Geral da IECLB (Belo
Horizonte), decidiu subdividir a Região Eclesiástica II criando a Região
Eclesiástica V (sede em Toledo/PR). O XVI Concílio Geral (1988) decidiu
subdividir a Região Eclesiástica IV dando origem a Região Eclesiástica VI (sede
em Santa Cruz do Sul/RS). Posteriormente, surgiriam ainda a Região Eclesiástica
VII (sede em São Paulo/SP – aprox. 1992) e a Região Eclesiástica VIII (sede em
Cuiabá/MT; Ji-Paraná/RO - aprox. 1993).
Em fevereiro de 1997, em concílio geral realizado em
Ivoti/RS, foi aprovada uma nova constituição através da qual ocorreu uma a
última reestruturação da IECLB. As oito Regiões Eclesiásticas foram extintas em
favor da criação de 18 sínodos.
FONTE Revista Enfoque
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