quinta-feira, 2 de outubro de 2014
CONFISSÃO DE FÉ DE DORBRECHT 1632 HOLANDA
A Confissão de Fé de Dordrecht
Menonita
Holandesa reunida em Dordrecht, Holanda.
I. De Deus e a Criação de Todas as Coisas
Desde que encontramos testificado que sem fé é
impossível agradar a Deus, e que aquele que vem a Deus deve crer que há um
Deus, e que Ele é galardoador dos que o buscam; então, confessamos com a boca,
e cremos com o coração, com toda a piedade, de acordo com as Sagradas
Escrituras, no eterno, todo-poderoso, e incompreensível Deus, o Pai, o Filho, e
o Espírito Santo, e em nada mais, ou em qualquer outro; [O Deus]1 diante de
quem nenhum outro deus foi feito ou existiu, nem haverá qualquer um diante
Dele: porque Dele, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; a Ele seja o
louvor e a honra para todo o sempre, Amém.
Hb.11:6;
Dt.6:4; Gn.17:1; Is.46:8; I Jo.5:7; Rm.11:36
Deste mesmo Deus único, que opera tudo em todos, nós
cremos e confessamos que é o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis;
[cremos] que Ele, em seis dias, criou, fez, e preparou o céu e a terra, e o
mar, e tudo o que neles há; e que Ele ainda governa e sustenta a mesma e toda a
Sua obra através da Sua sabedoria, do Seu poder, e da palavra do Seu poder.
I Co.12:6; Gn.1; At.14:15
E quando terminou Suas obras, e tendo-as ordenado e
preparado, cada uma em sua natureza e propriedades, boas e corretas, de acordo
com Sua vontade, criou o primeiro homem, o pai de nós homens, Adão; a quem
formou do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, de modo que
se tornasse alma vivente, [que foi] criada por Deus à Sua própria imagem e
semelhança, em justiça e santidade, para a vida eterna. Ele o considerou acima
de todas as outras criaturas, dotando-o com mui altos e gloriosos dons, colocando-o
no jardim do gozo ou Paraíso, e lhe dando um mandamento e proibição; em seguida
tomou uma costela de Adão, e fez dela uma mulher, e a trouxe a ele, unindo e
dando-a a ele como ajudadora, companheira, e esposa; e como conseqüência disto
também fez com que deste único homem, Adão, descendam todos os homens que
habitam sobre toda a terra.
Gn.1:27; 2:7, 17-18, 22
II. Da Queda do Homem
Cremos e confessamos, de acordo com as Sagradas
Escrituras, que estes nossos primeiros pais, Adão e Eva, não continuaram por
muito [tempo] neste estado de glória no qual foram criados, mas que eles,
seduzidos pela sutileza e engano da serpente, e a inveja do demônio,
transgrediram o grande mandamento de Deus e se tornaram desobedientes ao seu
Criador; por esta desobediência o pecado veio ao mundo, e a morte pelo pecado,
a qual então passou a todos os homens, porque todos pecaram, e,
conseqüentemente, trouxeram sobre si a ira de Deus, e a condenação; por esta
razão, por Deus foram expulsos do Paraíso, ou jardim de gozo, para arar a
terra, em dor comer dela, e comer seu pão no suor dos seus rostos, até que
tornassem à terra, de onde foram tomados; e que, por conseguinte, por este
único pecado, eles se tornaram tão desonrados, separados, e distantes de Deus
que, nem por si mesmos, nem por quaisquer de seus descendentes, nem pelos
anjos, nem por homens, nem por qualquer outra criatura no céu ou na terra,
poderiam ser erguidos, remidos, ou reconciliados com Deus, e assim deveriam
permanecer eternamente perdidos, não tendo Deus em compaixão por Suas
criaturas, provendo por elas, ou intervindo com Seu amor e misericórdia.
Gn.3:6;
IV Esd.3:7; Rm.5:12,18; Gn.3:23; Sl.49:8; Ap.5:9; Jo.3:16
III. Da Restauração do Homem Através da Promessa do
Cristo que Estava por Vir
No que concerne à restauração do primeiro homem e de
sua posteridade, confessamos e cremos, que Deus, não obstante sua queda,
transgressão e pecado, e sua posterior incapacidade, não estava, todavia,
desejando lançá-los fora inteiramente, ou deixá-los para sempre perdidos; mas,
[confessamos e cremos] que o chamou novamente a si, o consolou, e lhe mostrou
que nele ainda havia um meio para sua reconciliação, a saber: o Cordeiro
imaculado, o Filho de Deus, que foi para isto conhecido antes da fundação do
mundo, e que lhe foi prometido enquanto ainda estava no Paraíso para a
consolação, redenção e salvação dele mesmo e de sua posteridade; sim, aqueles
que, daquele momento em diante, pela fé, fossem dados a Ele como sendo seus;
por quem todos os piedosos patriarcas, aos quais esta promessa foi
frequentemente renovada, almejavam e inquiriam, e a quem, pela fé, eles viram à
frente e à distância, [enquanto estavam] à espera do cumprimento [da promessa],
de que Ele, por sua vinda, redimiria, libertaria e ergueria a raça humana da
queda do seu pecado, da culpa e da injustiça.
Jo.1:29; I Pe.1:19[-20]; Gn.3:15; I Jo.3:8; 2:1;
Hb.11:13, 39; Gl.4:4
IV. Da Vinda de Cristo a Este Mundo, e o Propósito
Pelo Qual Ele Veio
Cremos e confessamos, além disso, que quando o tempo
da promessa, pelo qual todos os piedosos antepassados tanto haviam almejado e
esperado, chegou e foi cumprido, o previamente prometido Messias, Redentor e
Salvador, vindo de Deus, foi enviado. E que, conforme as previsões dos profetas
e o testemunho dos evangelistas, Ele veio ao mundo, e de fato, em carne se
manifestou, e a Palavra, ela própria, se fez carne e homem; [cremos e
confessamos também] que Ele foi concebido na virgem Maria, que foi desposada
com um homem chamado José, da casa de Davi; e que ela Lhe deu à luz como seu filho
primogênito, em Belém, que O envolveu em panos, e que O deitou em uma
manjedoura.
Jo.4:25, 16:28; I Tm.3:16; Jo.1:14; Mt.1:23; Lc.2:7
Também confessamos e cremos que este é o mesmo que
foi divulgado como tendo sido desde a antiguidade, desde a eternidade, sem
início de dias, ou fim de vida; sobre quem está testificado que Ele próprio é o
Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro; que Ele é
aquele mesmo, e nenhum outro, que foi conhecido, prometido, enviado, e que veio
a este mundo; que é o único, primeiro e o próprio Filho de Deus; que foi antes
que João o Batista, antes que Abraão, antes que o mundo; de fato, que foi o
Senhor de Davi, e Deus de todo o mundo, o primogênito de toda a criação; que
foi trazido a este mundo, e para quem um corpo foi preparado, o qual Ele
entregou como um sacrifício e oferta, como cheiro suave a Deus, sim, para a
consolação, redenção, e salvação de toda a humanidade.
Jo.3:16; Hb.1:6; Rm.8:32; Jo.1:30; Mt.22:43;
Cl.1:15; Hb.10:5
Mas sobre como e de que maneira este precioso corpo
foi preparado, e como a Palavra se fez carne, e Ele Próprio [se fez] homem,
sobre isto nós nos contentamos com a afirmação concernente a este assunto a
qual os ilustres evangelistas nos deixaram em seus relatos, de acordo com a qual
confessamos juntamente com todos os santos, que: Ele é o Filho do Deus vivente,
em quem somente consiste toda nossa esperança, consolação, redenção, e
salvação, o que não podemos nem devemos buscar em nenhum outro.
Lc.1:31-32; Jo.20:31; Mt.16:16
Nós ademais cremos e confessamos com as Escrituras
que, quando Ele terminou Sua carreira, e cumpriu a obra para a qual Ele foi
enviado e [pela qual] veio ao mundo, Ele foi, conforme a providência de Deus,
entregue nas mãos dos iníquos; sofreu sob o juiz, Pôncio Pilatos; foi
crucificado, morto, foi enterrado, e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, e
ascendeu ao céu; e que se assentou ao alto à direita de Deus a Majestade, de
onde Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos.
Lc.22:53; 23:1; 24:6-7,51
E que deste modo o Filho de Deus morreu, e
experimentou a morte, e derramou Seu precioso sangue por todos os homens; e que
por meio disso Ele pisou a cabeça da serpente, desfazendo as obras do Demônio,
riscando a cédula [que era contrária] e obtendo perdão dos pecados para toda a
humanidade; portanto se tornando a causa da salvação eterna de todos aqueles
que, de Adão até o fim do mundo, cada um a seu tempo, crerem Nele, e O
obedecerem.
Gn.3:15; I Jo.3:8; Cl.2:14; Rm.5:18
V. Da Lei de Cristo, isto é, o Santo Evangelho ou o
Novo Testamento
Nós também cremos e confessamos que antes de Sua
ascensão Ele instituiu Seu Novo Testamento, e, desde que era para ser e
permanecer um Testamento eterno, [cremos] que Ele o confirmou e selou com Seu
precioso sangue, e o deu e deixou para Seus discípulos; sim, preenchendo-os tão
fortemente com ele, que nem anjo nem homem podem alterá-lo, nem acrescentar ou
tirar dele; e que Ele o produziu contendo tanto do inteiro conselho e vontade
de Seu Pai celestial quanto foi necessário para a salvação ser proclamada, em
Seu nome, por Seus amados apóstolos, mensageiros, e ministros - a quem Ele
chamou, escolheu, e enviou ao mundo com este propósito - entre todos os povos,
nações, e línguas; para que o arrependimento e a remissão dos pecados fossem
pregados e testificados; e [cremos] que, concordemente, Ele tem com isto
declarado a todos os homens sem distinção, que aqueles que, através da fé, como
filhos obedientes atenderem, seguirem, e praticarem o que o mesmo contém, serão
Seus filhos e herdeiros legais; deste modo não excluindo ninguém da preciosa
herança de eterna salvação, exceto os descrentes e desobedientes, tortos e
obstinados, que desprezam [o evangelho], e incorrem nisto por seus próprios
pecados, fazendo-os, desta forma, indignos da vida eterna.
Jr.31:31;
Hb.9:-15-17; Mt.26:28; Gl.1:8; I Tm.6:3; Jo.15:15; Mt.28:19; Mc.16:15;
Lc.24:47; Rm.8:17; At.13:46
VI. Do Arrependimento e Transformação de Vida
Cremos e confessamos que, já que a imaginação do
coração do homem é má desde sua juventude, e, portanto, inclinada a toda
iniqüidade, pecado, e maldade, a primeira lição do precioso Novo Testamento do
Filho de Deus é o arrependimento e a transformação de vida; conseqüentemente,
aqueles que têm ouvidos para ouvir, e corações para entender, devem gerar
genuínos frutos [dignos] de arrependimento, transformar suas vidas, crer no
Evangelho, evitar o mal e fazer o bem, desistir da iniqüidade, renunciar ao
pecado, despir-se do velho homem com seus feitos, e vestir-se do novo homem,
que conforme Deus é criado em justiça e verdadeira santidade: porque, nem o
batismo, ou a ceia, ou o ser membro da igreja, nem qualquer outra cerimônia
exterior, podem sem fé, regeneração, mudança, e renovação de vida, ajudar em
algo a agradar a Deus ou a obter Dele qualquer consolação ou promessa de
salvação; mas devemos ir a Deus com um coração puro, e uma fé perfeita, e a
crença em Jesus Cristo, como nos diz a Escritura, e testificar Dele; [pois,]
através de tal fé obtemos perdão dos pecados, somos santificados, justificados,
e feitos filhos de Deus, sim, participantes de Sua mente, natureza, e imagem,
sendo, do alto, de novo gerados de Deus, através de uma semente incorruptível.
Gn.8:21;
Mc.1:15; Ez.12:2; Cl.3:9-10; Ef.4:22,24; Hb.10:22-23; Jo.7:38
VII. Do Santo Batismo
No que concerne ao batismo confessamos que nós,
crentes arrependidos, os que pela fé, regeneração, e renovação do Espírito
Santo, fomos feitos um com Deus e estamos escritos no céu, devemos: sobre
Bíblica profissão de fé, e renovação de vida, ser batizados em água, no
digníssimo nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, de acordo com o
mandamento de Cristo e o ensino, exemplo e prática dos apóstolos, para
sepultamento dos pecados, e assim ser incorporados na comunhão dos santos; e
daí em diante aprender a observar todas as coisas que o Filho de Deus tem
ensinado, deixado, e ordenado aos Seus discípulos.
At.2:38;
Mt.28:19-20; Rm.6:4; Mc.16:16; Mt.3:15; At.8:16; 9:18; 10:47; 16:33; Cl.2:11-12
VIII. Da Igreja de Cristo
Cremos em, e confessamos, uma igreja de Deus
visível, a saber, aqueles que, como foi dito antes, verdadeiramente se
arrependem e crêem, e são corretamente batizados; aqueles que são um com Deus
no céu, e [são] perfeitamente incorporados na comunhão dos santos aqui na
terra. Esta nós confessamos ser a geração eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, os que são declarados ser a noiva e a esposa de Cristo, sim, filhos e
herdeiros da vida eterna, a tenda, o tabernáculo, e a habitação de Deus em
Espírito; edificados sobre a fundação dos apóstolos e profetas, dos quais o
próprio Jesus Cristo é declarado ser a pedra principal de esquina (sobre a qual
a Sua igreja é construída). Esta [é] a igreja do Deus vivente, a qual Ele
adquiriu, comprou, e remiu com Seu próprio e precioso sangue; com a qual, de
acordo com Sua promessa, Ele estará e permanecerá para sempre, mesmo no fim do
mundo, para consolação e proteção, sim, habitará e andará junto deles, e os
preservará, de modo que nem rios nem tempestades, nem mesmo as portas do
inferno, os moverão ou prevalecerão contra eles; - esta igreja, nós afirmamos,
pode ser reconhecida por sua fé bíblica, sua doutrina, seu amor, e sua santa
conversação, como, também, pela frutífera observância, prática, e manutenção
das verdadeiras ordenanças de Cristo, as quais Ele tão altamente ordenou aos
Seus discípulos.
I Co.12;
I Pe.2:9; Jo.3:29; Ap.19:7; Tt.3:6-7; Ef.2:19-21; Mt.16:18; I Pe.1:18-19;
Mt.28:20; II Co.6:16; Mt.7:25
IX. Da Eleição, e dos Ofícios de Mestres, Diáconos,
e Diaconisas na Igreja
No que concerne aos ofícios e eleições na igreja,
nós cremos e confessamos que, já que sem os ofícios e as ordenações a igreja
não pode subsistir em seu crescimento, nem continuar em desenvolvimento, então
o próprio Senhor Jesus Cristo, como o esposo em Sua casa, instituiu,
determinou, encarregou, e ordenou Seus ofícios e ordenações. De maneira que
todos devem andar neles, e atentar para a Sua obra e chamado e executá-los,
assim que encontrados, do mesmo modo como Ele próprio, sendo o fiel, grande, e
sumo Pastor e Bispo de nossas almas, foi enviado, e veio ao mundo, não para
ferir, quebrar, ou destruir as almas dos homens, mas para curá-las e
restaurá-las, para buscar o perdido, e derrubar a parede de separação que
estava no meio, para fazer de dois um, e assim reunir judeus, gentios, e todas
as nações, em um rebanho, em uma igreja com Seu nome, para que - nenhum venha a
pecar ou estar perdido - Ele próprio deu Sua vida, e assim ministrando-lhes a
salvação, e libertando-os e remindo-os, no que ninguém mais poderia ajudá-los
ou socorrê-los.
Ef.4:10-12; I Pe.2:25; Mt.12:19; 18:11; Ef.2:14;
Gl.3:28; Jo.10:9,11,15; Sl.49:8
E que Ele, além disso, antes de Sua partida, deixou
Sua igreja suprida com ministros fiéis, apóstolos, evangelistas, pastores e
mestres, a quem Ele antes, através do Espírito Santo, escolheu com oração e
súplica; que eles devem governar a igreja, alimentar o Seu rebanho, e vigiá-lo,
protegê-lo e supri-lo, sim, fazer todas as coisas, como Ele fez antes deles,
tendo ensinado, pelo exemplo mostrado, e tendo-lhes incumbido, de ensinar a
guardar todas as coisas que Ele lhes mandou.
Lc.10:1; 6:12-13; Jo.2:15
Que, do mesmo modo, os apóstolos, como fiéis
seguidores de Cristo, e líderes da igreja, foram diligentes a este respeito,
com oração e súplicas a Deus, através da eleição de irmãos, de modo a suprir
cada cidade, lugar, ou igreja, com bispos, pastores, e líderes. E que para
ordenar tais pessoas a isto, os mesmos deverão ter cuidado de si mesmos, da
doutrina e do rebanho; para que sejam sadios na fé, piedosos na vida e na
conversação, e de boa fama tanto fora quanto dentro da igreja; para que possam
ser exemplo, luz, e padrão de todas as santas e boas obras, dignamente
administrando as ordenanças do Senhor - o batismo e a ceia. E devem em todo
lugar (onde tais possam ser encontrados) apontar homens fiéis que sejam capazes
de também ensinar a outros, como presbíteros, ordenando-os através de imposição
de mãos em nome do Senhor, para prover todas as necessidades da igreja de
acordo com suas habilidades; assim que, como servos fiéis, devem bem usar seus
talentos recebidos do Senhor, obtendo benefício com eles, e, consequentemente,
salvando a si mesmos e aqueles que os ouvem.
I Tm.3:1;
At.23:24; Tt.1:5; I Tm.4:16; Tt.2:1-2; I Tm.3:7; II Tm.2:2; I Tm.4:14; 5:2;
Lc.19:13
Que eles devem também olhar diligentemente, cada um
particularmente entre aqueles seus sobre os quais tenha a supervisão, para que
todos os lugares estejam bem supridos com diáconos (para olhar pelos pobres e
cuidar deles), os quais devem receber as contribuições e as ofertas, de modo a
reparti-las fielmente e com toda a propriedade aos santos que sejam pobres e
necessitados.
At.6:3-6
E que também as viúvas honradas e idosas devem ser
escolhidas e ordenadas diaconisas. Que elas com os diáconos devem visitar,
confortar, e cuidar dos pobres, fracos, doentes, aflitos e necessitados, como
também das viúvas e dos órfãos, e ajudar a atender a outras carências e
necessidades da igreja no melhor de suas habilidades.
I Tm.5:9; Rm.16:1; Tg.1:27
Ademais, no que diz respeito aos diáconos, que eles
- especialmente quando são preparados, e eleitos e ordenados a isto pela
igreja, para a assistência e alívio dos presbíteros - devem exortar a igreja
(já que eles, como tem sido dito, são escolhidos para isto), e labutar também
na Palavra e no ensino; que cada um deve ministrar aos outros com os dons que
recebeu do Senhor, de modo que através do mútuo serviço e da assistência de
cada membro, cada um em sua medida, o corpo de Cristo possa ser aperfeiçoado, e
a videira e igreja do Senhor continue a crescer, aumentar, e ser edificada,
como lhe é próprio.
X. Da Santa Ceia
Também confessamos e observamos o partir do pão, ou
Ceia, uma vez que o Senhor Cristo Jesus antes do Seu sofrimento o instituiu com
pão e vinho, e observou e comeu com Seus apóstolos, ordenando-lhes que o
observassem em memória Dele; o que eles ensinaram e praticaram na igreja, e
ordenaram que fosse mantido em memória do sofrimento e da morte do Senhor; e
[em memória de] Seu precioso corpo [que] foi partido, e [de] Seu sangue [que
foi] derramado, por nós e por toda a humanidade, como também dos frutos disto,
a saber, a redenção e a salvação eterna, os quais Ele comprou com este ato,
mostrando [este] tão grande amor por nós homens pecadores; através do qual
somos admoestados ao extremo, a amar e a perdoar-nos uns aos outros e aos
nossos próximos, como Ele tem feito conosco, e a estarmos atentos para nos
mantermos e vivermos à altura da unidade e da comunhão que temos com Deus e uns
com os outros, a qual é, para nós, representada por este partir de pão.
Mt.26:26; Mc.14:22; At.2:42; I Co.10:16; 11:23
XI. Do Lavar os Pés dos Santos
Também confessamos o lavar os pés dos santos, já que
o Senhor Cristo não somente o instituiu, impôs e ordenou, mas Ele próprio,
mesmo sendo Ele Senhor e Mestre deles, lavou os pés de Seus apóstolos, dando,
por meio disto, o exemplo de que eles deveriam do mesmo modo lavar os pés uns
dos outros, e fazer conforme Ele lhes fez; o que em conformidade, deste momento
em diante, eles ensinaram os crentes a observar, como sinal de verdadeira
humildade, e, especialmente, para lembrar por este lavar de pés, da verdadeira
lavagem, pela qual somos lavados através do Seu precioso sangue, e feitos puros
de alma.
Jo.13:4-17; I Tm.5:10
XII. Do Estado de Matrimônio
Confessamos que há na igreja de Deus um honrado
estado de matrimônio, de duas pessoas, crentes e livres, em concordância com a
forma pela qual Deus originalmente o ordenou no Paraíso, e o instituiu Ele
mesmo com Adão e Eva; e [confessamos] que o Senhor Cristo aboliu e pôs de lado
todos os abusos ao casamento que neste meio tempo haviam sido sorrateiramente
introduzidos, e trouxe todas as coisas à sua ordem original, e assim as deixou.
Gn.1:27; Mc.10:4
Desta forma o Apóstolo Paulo também ensinou e
permitiu o matrimônio na igreja, e deixou livre para que todas as pessoas se
casem, de acordo com a ordem original, no Senhor, e para que qualquer pessoa
possa obter este consentimento. Por estas palavras - no Senhor - há que se
entender, pensamos, que do mesmo modo como os patriarcas tinham que se casar
entre sua parentela ou geração, assim os crentes do Novo Testamento não têm
igualmente nenhuma outra liberdade além daquela de se casarem entre os [que
são] da geração eleita e da parentela espiritual de Cristo, isto é, aqueles, e
não outros, que previamente se uniram à igreja com um mesmo coração e alma,
tendo recebido o único batismo, e permanecendo em comunhão, fé, doutrina e
prática, diante do que podem se unir um com o outro pelo casamento. Estes tais
são então unidos por Deus em Sua igreja de acordo com a ordem original; e isto
é chamado de casamento no Senhor.
II
Co.7:2; I Co.9:5; Gn.24:4; 28:2; I Co.7:39
XIII. Do Ofício da Autoridade Secular
Cremos e confessamos que Deus tem ordenado poder e
autoridade, e os determinou para punir o mau, e proteger o bom, para governar o
mundo, e manter países e cidades, com suas populações, em boa ordem e
legalidade; e que nós, por esta razão, não podemos desprezar, injuriar, ou
resistir a eles, mas devemos reconhecê-los e honrá-los como ministros de Deus,
e estar sujeitos e obedientes a eles, sim, prontos para todas as boas obras,
especificamente no que não é contrário à lei, vontade, e ordenação de Deus;
também fielmente pagar direitos, impostos e taxas, e entregar a eles o que lhes
for de direito, do modo como o Filho de Deus ensinou e praticou, e ordenou que
Seus discípulos fizessem; que nós devemos, além disso, constante e
fervorosamente orar ao Senhor por eles e por seu bem-estar, e pela prosperidade
do país, para que possamos habitar sob sua proteção, ganhar nosso sustento, e
levar uma vida quieta e pacífica, com toda a piedade e honestidade; e, ademais,
que o Senhor possa recompensá-los, aqui, e depois na eternidade, com todos os
benefícios, liberdade, e favores que gozamos aqui sob sua louvável
administração.
Rm.13:1-7; Tt.3:1; I Pe.2:17; Mt.22:21; 17:27; I
Tm.2:1
XIV. Da Vingança
Com relação à vingança, que é o opor-se a um inimigo
através da espada, cremos e confessamos que o Senhor Cristo proibiu e colocou à
parte para Seus discípulos e seguidores toda [forma de] vingança e retaliação,
e lhes ordenou não tornar a ninguém mal por mal, ou maldição por maldição, mas
que ponham a espada na bainha, ou, como o profeta predisse, que convertam as
espadas em enxadões.
Mt.5:39,44;
Rm.12:14; I Pe.3:9; Is.2:4; Mq.4:3; Zc.9:8-9
Disto entendemos então que, de acordo com Seu
exemplo, não devemos infligir dor, dano, ou tristeza a ninguém, mas buscar o
maior bem-estar e salvação de todos os homens, e se a necessidade o requerer,
[devemos] escapar por amor do Senhor de uma cidade ou país para outro, e sofrer
a espoliação de nossos bens; [e] que não devemos prejudicar ninguém, quando
somos atingidos, mas antes dar a outra face, ao invés de tomar vingança ou
retaliar.
Mt.5:39
E, além disso, devemos orar por nossos inimigos,
alimentá-los e fortalecê-los sempre que estiverem com fome ou com sede, e deste
modo convencê-los por bem-fazer, e [assim] superar toda a ignorância.
Rm.12:19-20
Finalmente, que devemos bem fazendo nos recomendar à
consciência de todo o homem; e, conforme a lei de Cristo, não fazer a ninguém o
que não tivermos feito a nós.
II Co.4:2; Mt.7:12
XV. Do Afirmar sob Juramento
Concernente à afirmação sob juramento cremos e
confessamos que o Senhor Cristo pôs isto de parte e proibiu Seus discípulos [de
o fazerem], que eles não devem jurar de nenhuma forma, mas que sim deve ser
sim, e não, não; disto entendemos que todos os juramentos, altos e baixos, são
proibidos, e que ao invés deles devemos confirmar todas as nossas promessas e
obrigações, sim, todas as nossas declarações e testemunhos sobre qualquer
assunto, somente que nossa palavra sim, seja um sim, e que o não, seja um não;
e ainda, que devemos sempre, em todos os assuntos, e com todos, sermos fiéis,
manter, seguir, e cumprir [nossa palavra], como se a tivéssemos confirmado com
um juramento solene. E se fizermos assim, cremos que ninguém, nem mesmo a
própria Magistratura, terá justa razão para colocar grande peso sobre nossas
mentes e consciência.
Mt.5:34-35; Tg.5:12; II Co.1:17
XVI. Da Excomunhão Eclesiástica, ou Separação da
Igreja
Cremos em, e confessamos, um banimento, separação e
Cristã correção na igreja, para regeneração, e não para destruição, de modo a
distinguir o que é puro do [que é] impuro: isto é, quando alguém, após ter sido
iluminado, ter aceitado o conhecimento da verdade, e ter sido incorporado à
comunhão dos santos, peca novamente para a morte, seja por obstinação, ou por
arrogância contra Deus, ou por alguma outra causa, e cai nas obras infrutuosas
das trevas, e por isso torna-se separado de Deus, e transgressor do reino de
Deus; este tal, após o fato ter sido manifesto e suficientemente conhecido pela
igreja, não pode permanecer na congregação dos justos, mas, como um membro
ofensor, e um pecador notório, pode e deve ser separado, [ser] posto de lado,
reprovado publicamente, e lançado fora como fermento; e isto para a sua
correção, como um exemplo que os outros possam temer, e para manter a igreja
pura, através da sua limpeza de tais manchas, a fim de que pela falta disto o
nome do Senhor não seja blasfemado, e a igreja desonrada, e a transgressão dada
aos que são de fora; e finalmente, que o pecador possa não ser condenado com o
mundo, mas convença-se em sua mente, e seja movido à contrição, ao
arrependimento, e à transformação.
Jr.59:22;
I Co.5:5,13; I Tm.5:20; I Co.5:6; II Co.10:8; 13:10
Mais além, no que concerne à reprovação e
admoestação fraternal, como também à instrução dos transgressores, é necessário
exercitar toda a diligência e cuidado, para velar por eles e para admoestá-los
com toda mansidão, para que possam ser aperfeiçoados, e para reprovar, de
acordo com o que é certo, o obstinado que permanecer empedernido; em resumo, a
igreja deve afastar dela os maus (tanto em doutrina ou na vida), e a nenhum
outro.
Tg.5:19;
Tt.3:10; I Co.5:13
XVII. Do Evitar os Separados
No que diz respeito ao privar-se, ou afastar-se dos
separados, cremos e confessamos que se alguém, tanto por sua vida de maldade ou
[por sua] perversão da doutrina, tem caído tão fundo que está separado de Deus,
e, conseqüentemente, também separado e punido pela igreja; este deve, de acordo
com a doutrina de Cristo e Seus apóstolos, ser evitado, sem distinção, por
todos os membros em comunhão da igreja, especialmente aqueles de quem ele é
conhecido, em comer, beber, e outros relacionamentos similares, e nenhuma
companhia devem ter com ele para que não se tornem contaminados pelo
relacionamento com ele, nem sejam feitos participantes de seus pecados; mas que
o pecador possa ser envergonhado, pungido em seu coração, e condenado em sua
consciência, até sua reformação.
I Co.5:9-11; II Te.3:14
Ainda, em se afastar bem como em reprovar, a
moderação e a discrição Cristã devem ser usadas para tal, de modo que possa
conduzir o pecador, não à destruição, mas à restauração. Porque, se ele está
necessitado, faminto, sedento, nu, doente, ou em qualquer outro perigo, estamos
presos ao dever, a necessidade requerendo isto, de acordo com o amor e a
doutrina de Cristo e Seus apóstolos, a oferecer-lhe auxílio e assistência; caso
contrário, a separação tenderia neste caso mais à destruição que à restauração.
Portanto, não devemos contá-los como inimigos, mas
admoestá-los como irmãos, que por meio disso possam ser trazidos ao
conhecimento e ao arrependimento e contrição por seus pecados, para que assim
possam ser reconciliados com Deus, e conseqüentemente ser recebidos novamente na
igreja, e que o amor possa continuar com eles, como é apropriado.
II Te.3:15
XVIII. Da Ressurreição dos Mortos, e do Julgamento
Final
Finalmente, no que diz respeito à ressurreição dos
mortos, confessamos com a boca, e cremos com o coração, de acordo com as
Escrituras, que no último dia todos os homens que morreram, e caíram
adormecidos, serão despertos e vivificados, e ressuscitarão através do
incompreensível poder de Deus; e que eles, juntamente com aqueles que então
estiverem vivos, e que serão transformados no piscar de um olho, ao som da
última trombeta, serão postos diante do trono de julgamento de Cristo, e os
bons serão separados dos maus; e que então todos receberão em seu próprio corpo
de acordo com o que tiverem feito, ou bem ou mal; e que o bom ou piedoso, como
bem-aventurado, será levado com Cristo, e entrará na vida eterna, e obterá
aquele gozo que o olho não pode ver, nem o ouvido ouvir, nem entrou no coração
do homem, para reinar e triunfar com Cristo para todo o sempre.
Mt.22:30-31; Dn.12:12; Jó 19:26; Mt.25:31; Jo.5:28;
II Co.5:10; I Co.15; Ap.20:12; I Te.4:15; I Co.2:9
E que, por outro lado, os maus ou ímpios, como
amaldiçoados, serão lançados fora na escuridão, sim, nas eternas dores do
inferno, onde seu bicho não morre, nem seu fogo é apagado, e onde eles, de
acordo com a Sagrada Escritura, não poderão jamais ter qualquer esperança,
conforto, ou redenção.
Mc.9:44; Ap.14:11
Possa o Senhor, pela Sua graça, nos fazer todos
dignos e adequados, que isto não aconteça a nenhum de nós; mas que possamos
deste modo ter cuidado de nós mesmos, e usarmos toda a diligência, para que
naquele dia possamos ser encontrados diante Dele imaculados e irrepreensíveis
em paz. Amém.
Conclusão
Estes, então, como foram brevemente declarados
acima, são os principais artigos de nossa geral fé Cristã, como a ensinamos e
praticamos em toda parte em nossas igrejas e entre nosso povo; a qual, em nosso
julgamento, é a única verdadeira fé Cristã, e que os apóstolos em seu tempo
creram e ensinaram, sim, testificando com suas vidas, confirmando com suas
mortes, e, alguns deles, também selando com seu sangue; na qual, nós em nossa
fraqueza, junto com eles e com todos os piedosos, iremos alegremente permanecer,
viver, e morrer, para que possamos por fim obter salvação juntamente com eles
através da graça do Senhor.
Deste modo feito e finalizado em nossas igrejas
unidas, na cidade de Dordrecht, em 21 de abril, 1632, calendário gregoriano3.
Adoção pelos Menonitas Alsacianos4, 1660
Nós, abaixo-assinados, ministros da palavra de Deus,
e presbíteros da igreja na Alsácia, com isto declaramos e fazemos conhecido,
que estando reunidos neste 04 de fevereiro do ano de nosso Senhor de 1660, em
Ohnenheim no principado de Rappoltstein, por conta da Confissão de fé, a qual
foi adotada na Convenção de Paz de Taufls-gesinnten a qual foi chamada de
Flamenga, na cidade de Dort, no dia 21 de abril do ano de 1632, e que foi
impressa em Roterdam por Franciscus von Hochstraten, no ano de 1658; e tendo
examinado a mesma, e encontrado-a de acordo com nosso julgamento, a temos
inteiramente adotado como nossa própria.
Adoção pelos Menonitas da América, 1725
Nós os abaixo assinados Servos da
Palavra de Deus, e Presbíteros na Congregação do Povo chamada, Menonitas, na
Província da Pensilvânia, validamos, e com isto tornamos conhecido, que
reconhecemos a Confissão acima, Apêndice, e a escusa de Menno, como estando de
acordo com nossa Opinião: e que também a temos tomado como sendo inteiramente
nossa.
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