quarta-feira, 1 de outubro de 2014

REFORMA BEOMIA ,AUSTRIA,MORAVIA,HUNGRIA

            
             Boêmia, Áustria, Moravia e Hungria


Desde o tempo da Reforma até 1918 estes países eram unidos debaixo do governo do arquiduque da Áustria e, depois, do imperador desse país. Esses arquiduques e imperadores eram da família dos Habsburgos; a maior parte deles foram tiranos e perseguidores. Antes da Reforma, a Boêmia era um reino independente e a Morávia uma dependência. Depois da morte de João Huss, em 1415, os seus seguidores lutaram contra todo o império alemão, que mandou diversos exércitos para suprimir os "hereges", mas foram todos desbaratados pelos boêmios. Os hussitas, infelizmente, eram divididos em dois partidos, um chamado "utraquistas" e o outro "taboritas". Vendo o papa que os hussitas não podiam ser vencidos, concordou em reconhecer os utraquistas como a igreja nacional de Boêmia, concedendo a eles o cálix (proibido a outros católicos), na missa, que era a única coisa que eles exigiram. Os taboritas queriam uma igreja separada de Roma, e continuaram a luta. Em 1434 o exército dos taboritas foi completamente derrotado e espalhado.

Havia porém, muitas pessoas entre este partido que desejavam conservar o ensino espiritual de João Huss, as quais formaram sociedades secretas que procuraram voltar para as virtudes da igreja primitiva. Uma destas comunidades foi fundada numa aldeia da Boêmia chamada Kunwald, e muitos uniram-se com eles, incluindo membros da igreja waldense. A igreja nacional perseguiu este povo, que ficou espalhado mais uma vez. Um dos pastores chamado Gregório foi torturado e outro foi queimado. Os crentes, porém reuniram-se em outros lugares, e tomaram o nome de "Unitas Fratum", (Irmãos Unidos) e resolveram separar-se da Igreja Romana, mas declararam: "Não condenamos nem excluímos os que ficam obedientes à Igreja Romana: como não excluímos os membros da igreja grega ou da índia; assim também não condenamos os membros da Igreja Romana".

Um desses foi consagrado bispo por um bispo da igreja dos waldenses. Tomaram a Bíblia como seu único guia e autoridade, e rejeitaram os ensinos da igreja Romana. Puseram muita ênfase quanto à conduta cristã. O papa Alexandre VI persuadiu o rei da Boêmia de que esta gente era um perigo para o seu trono. Em 1507 o edito de S. Tiago mandou que todos os que não se reunissem com a Igreja Ultraquista, ou com a Romana, que saíssem do país. Surgiu mais uma perseguição, mas felizmente o rei da Boêmia morreu pouco tempo depois, e os católicos e ultraquistas ocuparam-se com brigas, de modo que a perseguição abrandou.

Os Irmãos Unidos ouviram com alegria a notícia da Reforma na Suíça e na Alemanha. Mandaram representantes a Wittenburgo, onde morava Lutero. Eles concordaram com as novas doutrinas, mas não gostaram tanto do comportamento de muitos dos seguidores do reformador.

Em 1526 a família real da Boêmia terminou com a morte do último soberano, e Fernandes, irmão do Imperador da Alemanha (Carlos V), da família de Habsburgos, e Arquiduque da Áustria, foi proclamado rei da Boêmia, Fernandes era católico fanático. Em 1546 rebentou uma guerra entre a Liga dos Príncipes Protestantes e as potestades católicas, chefiadas pelo imperador. Muitos dos nobres da Boêmia tomaram o lado dos protestantes, mas foram vencidos na batalha de Muhlburgo (1547). Fernandes voltou a Praga (capital da Boêmia) triunfante, executando alguns dos nobres, e resolveu exterminar os Irmãos Unidos, mandando que todos os que não assistissem à Igreja Nacional, ou à Romana, saíssem do país. Milhares deixaram sua pátria, achando refúgio na Alemanha e alguns na Polônia. Em 1556 Fernandes foi eleito Imperador da Alemanha, e deixou o trono da Boêmia com seu filho Maximiano, o qual deu licença para os Irmãos Unidos voltarem.

Durante os anos que se seguiram, a Bíblia, chamada "Bíblia Kralitz", foi traduzida na língua tcheca (a língua falada na Boêmia). Quando o Imperador precisava de dinheiro para sua campanha contra os turcos, a Dieta da Boêmia exigiu, antes de fornecer o necessário dinheiro, que o edito de S. Tiago fosse anulado, e que a liberdade religiosa fosse garantida. A necessidade sendo urgente, um decreto chamado a "Carta Boêmia" foi assinado concedendo essa liberdade. Em 1616 Fernandes II foi eleito rei da Boêmia. Estava inteiramente debaixo da influência dos jesuítas. Embora jurasse observar a Carta, começou logo a violá-la. Os nobres boêmios se revoltaram, recusando reconhecer Fernandes como rei, e convidaram, Frederico, Eleitor do Palatinado (um Estado alemão) para ser rei da Boêmia. Este príncipe era protestante calvinista, e sua mãe era filha de Guilherme, o silencioso, de Orange. O jovem eleitor casou-se com Isabel, filha mais velha de Tiago I, rei da Inglaterra. Embora muito novo, Frederico foi escolhido chefe da União Protestante, formada para proteger os estados protestantes. Era homem de bons princípios e de caráter, mas não possuía habilidade suficiente para chefiar a União, e todos seus esforços terminaram em desastre.

Os príncipes católicos formaram a "Liga católica" para combater a União, e o chefe da Liga era o Duque de Bavária. Infelizmente, Frederico aceitou o trono da Boêmia e foi coroado no ano de 1619. Foi uma escolha que trouxe resultados desastrosos, não somente a Frederico e à Boêmia mas também à Europa. Não tinha o apoio dos outros príncipes protestantes, como o eleitor da Saxônia, e o rei da Inglaterra. O arqueduque d'Áustria foi eleito em 1619 Imperador da Alemanha, e rei da Hungria, e declarou guerra contra Frederico e os boêmios, que considerava como rebeldes. Fernandes chamou Maximiliano, Duque da Bavária, e a Liga Católica para ajudá-lo. O Duque mandou um exército entrar e devastar o Palatinado, enquanto o general de Fernandes combatia contra a Boêmia. Esta guerra é conhecida como a "Guerra dos trinta anos" devido ao tempo que durou. Em 1620 Frederico e os boêmios foram completamente desbaratados na Batalha de Monte Branco, perto de Praga. Frederico, com sua esposa e família, foi obrigado a fugir. Tendo já perdido também sua herança no palatinado, foi obrigado a fugir para a Holanda, onde morou até sua morte, como um hóspede dos governadores do país.

A guerra dos Trinta Anos é dividida em três partes, a primeira e a segunda foi por motivo religioso entre protestantes e católicos. Foi travada com grande ferocidade, e o sofrimento do povo era terrível. Dizem que a Alemanha sentiu seus efeitos durante um século. Os exércitos mantiam-se pelo roubo, tanto de amigos como de inimigos, devastando o terreno onde lutavam. Fernandes e seus generais, Tilly e Vallenstein, foram quase sempre vitoriosos na primeira fase. A segunda fase foi marcada com a entrada de Gustavao Adolfo, rei da Suécia, campeão da fé protestante, com um exército bem treinado e equipado. Foi o único exército que não roubou o povo, sendo bem disciplinado e comportado. O aspecto da guerra mudou depressa. Gustavo venceu os generais Tilly e Vallenstein, mas caiu morto na batalha de Lutzen (1632). No ano de 1653 a França entrou na guerra, ao lado da Suécia, e a guerra perdeu todo o aspecto religioso. Depois de trinta anos de luta, Fernandes II fez as pazes, perdendo a França o estado de Alsácia, e o filho de Frederico e Isabel voltaram para governar o seu eleitorado. Esta guerra prolongada foi um desastre também para os Irmãos Unidos. Fugiam para os países vizinhos onde podiam-se abrigar. Um bispo deles chamado João Amos Comênio, continuou apascentando seu rebanho secretamente na Morávia. Ele deu-lhes o nome "Semente Escondida", mas são chamados também irmãos moravianos. Esta igreja foi composta de taboritas, waldenses, e crentes da Alemanha, e foi desta igreja que o bom Zinzendorf escolheu o grupo com que formou a sua sociedade em Hernhut que depois mandou tantos missionários pioneiros para terras estrangeiras.

A família dos Habsburgos foi notável por sua tirania, perseguição religiosa, e infelicidade com guerras e revoltas. Fez uma guerra contra os turcos, a Guerra dos Sete Anos, no século XVIII, e depois uma guerra prolongada contra Napoleão no princípio do século XIX, e mais tarde contra a França e a Itália, e depois contra a Alemanha.

Depois da Grande Guerra de 1914-1918, a Hungria, a Boêmia, e a Morávia e outras províncias, foram separadas da Áustria. A Boêmia alcançou sua independência e com a Morávia formou a República da Tchecoslováquia. Sendo um país industrial, e um povo inteligente e ativo progrediu rapidamente em 20 anos. Infelizmente, no ano de 1938 caiu em poder da Alemanha hitlerista, que tirou a sua liberdade, e procurou destruir as suas instituições antigas. A Hungria também foi constituída uma república depois da primeira Grande Guerra, mas não teve o mesmo progresso que a Boêmia.

No século XVI a Hungria fez grandes esforços para ganhar mais liberdade política, pois estava debaixo do calcanhar do Império da Áustria, e obteve uma certa medida da independência. Desde a Reforma tem havido crentes evangélicos na Áustria e na Hungria, mas a perseguição cons­tante reduziu o número. Na Hungria, Bulgária e Romênia há muitas congregações de evangélicos chamados "Nazarenos". O fundador deste movimento foi um ministro suíço, chamado Frohlich. Entrou como jovem no ministério na Suíça, e, sendo convertido, começou a pregar o Evangelho, muito contra o gosto dos seus superiores, que procuraram corrigir sua teologia. Quando Frohlich recusou modificar sua pregação, foi expulso do ministério no ano de 1818, mas continuou sua pregação como itinerante, visitando outras partes da Suíça e Alemanha. Dois operários ambulantes da Hungria, visitando a Suíça, ouviram Frohlich e foram convertidos. Voltando a Budapeste, capital da Hungria, estes homens anunciaram as Boas-Novas, e muitos foram atraídos. Uma congregação foi formada na cidade e cresceu rapidamente, reunindo-se com regularidade. Um grupo desta congregação saiu de Budapeste como missionários aos países vizinhos e levaram o Evangelho até as fronteiras da Turquia. Tomaram o nome "Nazarenos" por serem desprezados.(notas historia do cristianismo,A.Knight e W.Anglin,2009,cpad)

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